Na novela Um anjo caiu do céu, que acaba de estrear na Rede Globo, a personagem de Patrícia Pillar (Duda) usa, direto, uma pulseira de ouro amarelo-fosco e couro com um colar tipo corrente, de ouro branco também fosco, com conta preta feita de lava de vulcão e pequenos brilhantes. E pode? Hoje pode. Já houve tempo em que as jóias eram os mais claros sinais de sofisticação. Era totalmente proibido misturar materiais e cores. Agora, o que interessa é transmitir atitude. Por isso, a revisão das regras nessa área é geral e irrestrita.

Na mesma novela, também Marcello Anthony (Maurício) subverte as normas e exibe, tranquilamente, dois brinquinhos de brilhante em parceria com relógio esportivo e anel largo em ouro. A estilista que assina essas jóias, Júnia Machado – a mesma que criou os famosos tererês e brincos de Mariana Ximenes, a Bionda de Uga-uga –, diz que não há receita infalível para todo mundo. Anéis, cordões, pulseiras, etc., tudo precisa ter link com a personalidade. “É preciso sentir-se bem, sem simulações”, diz ela. Para Júnia, o que não pode mesmo é usar colar de pérola na praia.

Márcio Mercante
O de Marcello Anthony, dois brincos

A julgar pelo que diz Roberto Stern, diretor de criação da rede H.Stern, a audácia em desafiar antigas regras pode dar ao usuário rara distinção – a tal credencial de atitude. “Quanto mais segura a pessoa, mais ela é ousada. Eu gosto dos contrastes, como a mistura de jóias antigas e modernas, mas é necessário saber escolher”, adverte. Roberto é o timoneiro de grandes modificações nos conceitos da joalheria criada há 45 anos. “Da última década para cá, fazemos um trabalho de democratização do uso das jóias”, diz. Segundo ele, não há nada mais que não possa ser misturado, mas, quanto mais materiais se usa, mais difícil fica para se chegar ao bom gosto.

Na concepção da designer carioca Tereza Xavier, algumas peças têm hora para ser usadas – ou guardadas na gaveta. Relógio, por exemplo, é proibido para as mulheres numa festa noturna. “Por mais valioso, caro ou bonito que seja”, diz. Ela também afirma que jóias não são mais sinais de boa educação ou bom gosto. Por isso, o preço da peça não interessa, a não ser que a intenção seja ostentar riqueza. Tereza faz o lembrete básico: jóia é para embelezar.


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