Escondida numa densa floresta argentina, uma série de edifícios de pedra encobertos pelo limo se estende às margens das águas caudalosas do rio Paraná, na fronteira com o Paraguai. Junto às suas espessas paredes de até três metros de largura, um grupo de arqueólogos descobriu relíquias da época da Alemanha nazista. Para solucionar o mistério do por que esses artefatos estariam ali, a equipe de cientistas desenvolveu uma hipótese inédita: a de que as casas foram construídas para servir de esconderijo para oficiais do Reich após a Segunda Guerra Mundial. “Não temos uma resposta fechada, mas a ideia é baseada em alguns documentos aos quais nunca havíamos dado atenção”, disse Daniel Schávelzon, pesquisador da Universidade de Buenos Aires e chefe da investigação. Entre os anos de 1942 e 1943, a Aeronáutica alemã fez um projeto secreto para criar refúgios para a alta hierarquia se esconder em locais inacessíveis no caso de derrota, explicou o arqueólogo. “Estamos falando de pessoas como Adolf Hitler e outros ministros”, disse ao jornal “Clarín”.

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Nos escombros, que ficam nas cercanias da cidade de San Ignacio, em Misiones, foram encontradas moedas de 1938 a 1944 e fragmentos de porcelanas nazistas. São três edifícios – um destinado à habitação, um depósito e um posto de vigilância, de acordo com os cientistas. A existência de vestígios do Reich, porém, não quer dizer que altas patentes alemãs chegaram a se abrigar ali. Segundo os arqueólogos, os objetos são do período da construção, já que, acabada a guerra, os líderes nazistas perceberam que a vista grossa de governos sul-americanos permitia a eles viver sem precisar se esconder (leia quadro). Antes da conclusão dos pesquisadores, acreditava-se que o local poderia ter sido erguido por jesuítas nos séculos XVII e XVIII ou que havia servido como residência de Martin Bormann, braço-direito do Führer. Para Schávelzon, no entanto, essas histórias não passam de lenda. 

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