Enquanto ocupou o cargo de líder do PT ou do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza teve destacada atuação na capitalização da Petrobras. Em nome dos petistas, em dezembro de 2009, o então deputado defendeu um aporte de R$ 120 bilhões na estatal. Não conseguiu. Três nomes depois, representando o governo, Vaccarezza comandou a aprovação da proposta na Câmara. Na época, o diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa fazia pressão pela capitalização, pois os aditivos nos contratos haviam atingido o teto.

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Pagamento de doações
O Senado ratificou a capitalização da Petrobras em novembro de 2010, logo depois das eleições. A sequência de fatos reforça a ideia de que as doações das empreiteiras aos partidos eram, na verdade, empréstimos feitos aos candidatos. Por esse raciocínio, depois de receber recursos nas campanhas, os parlamentares restituíram
as empresas.

Pressão parlamentar
Enquanto defendia a capitalização da Petrobras, Cândido Vaccareza pressionava as empreiteiras com requerimentos de informação apresentados nas comissões de Minas e Energia e de Fiscalização e controle. Os pedidos questionavam licitações relacionadas à construção de sondas.

Como uma força-tarefa 
Outros deputados investigados pela Operação Lava Jato também apresentaram, nas comissões, requerimentos sobre sondas para pressionar a Petrobras. São eles: Eduardo da Fonte (PP-PE), Missionário José Olímpio (PP-SP), Alexandre Santos (PMDB-RJ) e João Pizzolati (PP-SC).

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Notícias do Planalto I
Os otimistas do Planalto comemoraram um dado divulgado pela empresa Scup, que monitora as mídias sociais. Pesquisa feita durante os protestos do dia 15 mostraram que as menções favoráveis a Dilma se igualaram às referências
a corrupção e pedidos de saída da presidente.

Notícias do Planalto II
As citações positivas sobre a presidente perdiam para as negativas desde fevereiro. No Planalto, acredita-se que a boa marca foi atingida porque até mesmo brasileiros contrários ao governo petista se voltaram contra as manifestações em defesa de um golpe militar no país.

Problemas com o xará
Homônimos de personagens do escândalo da Lava Jato sofrem com seus interlocutores. No Rio de Janeiro, o técnico de logística da Petrobras Paulo Roberto Costa precisa se explicar sempre que se identifica com o mesmo nome do ex-diretor da empresa que se transformou em delator. Trabalhar na mesma empresa que o Costa famoso piora a situação.

Duques
Em Brasília, quem sofre as consequências de ter um xará enrolado com o Petrolão é Renato Duque, filho do ex-deputado Hélio Duque (PMDB-PR). O rapaz não aguenta mais ter de explicar que nada tem a ver com o ex-diretor da Petrobras acusado de intermediar propinas de empreiteiras para o PT.

Um problema a menos
A empreiteira Constran/UTC solicitou ao governo do Maranhão a rescisão de um acordo firmado em 2010, na gestão de Roseana Sarney. A desistência ocorreu após o governador Flávio Dino pedir auditoria no pagamento à empreiteira de mais de R$ 100 milhões em precatórios. A transação caiu nas investigações da Lava Jato graças a depoimento da contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef. Ela disse que a Constran furou a fila dos precatórios após pagar R$ 6 milhões em propina a funcionários do governo. Ao desistir dos precatórios, a empreiteira tem uma dor de cabeça a menos.

O destino das armas
O deputado Alexandre Leite (DEM-SP) mandou um questionamento para o ministro da Defesa, Jaques Wagner, sobre o que será feito com os fuzis FAL, ainda hoje usados pelo Exército brasileiro. A Força Terrestre iniciou recentemente a troca do armamento por outros modelos do tipo IA2, mas ainda não definiu para onde vão os equipamentos antigos.
A mudança foi decidida em 2013.

Toma lá dá cá

Deputado Carlos Manato (PSD-ES), corregedor da Câmara

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ISTOÉ – A corregedoria vai atuar nos processos de quebra de decoro relacionados à Lava Jato?
Manato –
Se os processos forem abertos no Conselho de Ética, não. A corregedoria atua se algum cidadão ou a presidência da Casa apresentar representação.

ISTOÉ – Se o Conselho de Ética não investigar, os cidadãos podem acionar a corregedoria?
Manato –
Qualquer cidadão pode mandar, mas se chegar uma representação aqui, eu tenho que mandar para o presidente da Casa antes de abrir investigações.

ISTOÉ – O fato de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estar na lista da Lava Jato pode interferir nos trabalhos?
Manato –
O presidente pode lançar suspeição e encaminhar para outro membro
da Mesa Diretora.

Rápidas

* O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ricardo Lewandowski, quer deixar o cargo com um saldo positivo de produtividade nos tribunais. Para isso, estabeleceu metas e prazos para os juízes de primeira instância, que reclamam da pressão sofrida.

* Um dos ministros presentes na reunião do conselho político na manhã de segunda-feira (16) brincou sobre a orientação de que os porta-vozes do governo tenham humildade e reconheçam os erros: “Quem sabe ela também adote essa estratégia a partir de agora”.

* Um sujeito muito parecido com João Santana, marqueteiro da presidente Dilma Rousseff, viajou de São Paulo para Brasília na tarde da terça-feira (16). Discreto, passou a maior parte do tempo trabalhando em um notebook e não foi abordado pelos passageiros.

* Naquela mesma tarde, o site do jornal O Estado de São Paulo divulgou o documento com duras críticas à área de comunicação do governo. A autoria do texto foi atribuída à Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Até pareceu coisa do PT.

Retrato falado

Após as manifestações que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas, integrantes da oposição se silenciaram, por temor de ganhar a pecha de “golpistas”. No plenário do Senado, coube a um petista fazer a mais dura crítica ao governo. Paulo Paim (PT-RS) usou a tribuna na tarde de terça-feira (17) para pedir a seus colegas da base aliada que fizessem uma leitura “honesta e realista” dos protestos.

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Fux não quis revelar o voto
Presente na solenidade que sancionou o texto do novo Código de Processo Civil (CPC), o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi abordado por quase uma dezena de parlamentares. Todos queriam saber a opinião do magistrado sobre os próximos passos da Operação Lava Jato. Fux se esquivou com respostas genéricas sobre o Judiciário. O ministro do Supremo coordenou a elaboração do novo CPC.

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A conta do discurso
A oposição da Câmara está vasculhando os sistemas de informações sobre gastos públicos para saber detalhes das despesas com a produção dos pronunciamentos oficiais da Presidente da República veiculados na mídia nacional nos últimos meses. Ainda não encontraram respostas.

Fotos: Alan Marques/Folhapress; Marcos Oliveira
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo