Para Gene Simmons, o maquiadíssimo vocalista do Kiss, o rock morreu. Ainda assim, ele continua a animar multidões com a banda de sexagenários que volta ao Brasil no mês que vem para o Monsters Of Rock, mais de 30 anos depois de lotar o Maracanã.

“Ninguém paga mais por música. Não são as corporações que estão matando as novas bandas, são os próprios fãs”, diz ele em entrevista à ISTOÉ. “O rock morreu. Mas nossa base de fãs nos segura.”

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MONSTRO
Gene Simmons encarnado em "The Demon", identidade que usa nos palcos

A banda toca em São Paulo, em 26 de abril. A primeira visita ao País, em junho de 1983, reuniu 200 mil pessoas no estádio carioca, a maior platéia do grupo até hoje. “Foi maravilhoso, mas não podíamos ir a lugar algum, ficamos presos no hotel por conta dos paparazzi e as centenas de fãs”, lembra. O feito não se repetiu nas três visitas seguintes.

Menos polêmico que em outras turnês, Simmons diz que se pacificou com o amor. O também baixista, que gostava de listar as mulheres com quem teria feito sexo (hoje ele contabiliza 4.870 pessoas), encontra-se, nos altos de seus 65 anos, muito bem casado.

“Resolvi me casar quando fiz 62. A maioria dos homens não deveria fazer isso até envelhecer. Quando você é novo, é muito estúpido”, diz ele, que porém, sente falta das “garotas quentes” do Brasil.

Sobre a tese de que a maquiagem do grupo teria sido copiada do brasileiro Secos & Molhados, ele nega. Mas o fato é que o grupo brasileiro lançou o primeiro disco, estampando a pintura quase identica a do Kiss, em 1973, no mesmo ano que a banda americana apareceu.

Judeu nascido em Israel, Simmons chegou a chamar o islamismo de cultura vil. Hoje ameniza a declaração. “Os muçulmanos são pessoas maravilhosas e o Alcorão é um livro que ensina amor e compreensão. Mas como em toda cultura há pessoas más”, filosofa o músico que há mais de 40 anos sobe aos placos atrás do personagem chamado por ele de “The Demon”.

Foto: George De Sota/Liaison