Pesquisadores da Emory University, nos Estados Unidos, anunciaram na última semana um passo importante em direção ao melhor controle da Aids. Eles conseguiram, pela primeira vez no mundo, usar um exame de imagem para identificar os locais do corpo onde o HIV, o vírus responsável pela doença, pode continuar a se esconder mesmo depois de iniciado o tratamento com as drogas antiretrovirais. Encontrar esses esconderijos é uma etapa fundamental rumo à cura da doença. Hoje, apesar da extrema eficácia do coquetel de drogas e de muitos pacientes apresentarem níveis de carga viral muito baixas, sabe-se que concentrações de vírus permanecem presentes em diversos pontos do organismo. São os chamados reservatórios. A grande dificuldade é mapeá-los e criar formas de destruir o HIV dentro deles.

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OBSTÁCULO
Concentrações de HIV permanecem em estado latente no organismo, impedindo a cura

O método testado foi o PET Scan, um dos exames de imagens mais modernos disponíveis. O experimento foi feito em macacos portadores do SIV submetidos à terapia antiviral. O SIV é um vírus considerado uma espécie de HIV de macacos por apresentar características muito semelhantes ao agente que ataca os seres humanos. É usado de forma padrão nos estudos sobre a Aids que antecedem a etapa das pesquisas em pessoas. O corpo todo das cobaias foi mapeado. O retrato revelou a presença de uma proteína associada ao vírus em pontos como o nariz, órgãos reprodutivos, rins e pulmões. “A técnica nos permitiu detectar áreas que até hoje haviam recebido pouca atenção”, disse à ISTOÉ Francois Villinger, líder do trabalho. Análise feita após a morte dos animais comprovou a presença do vírus em células dos locais apontados pelo PET Scan.

O cientista está otimista em relação ao potencial do exame para contribuir com a cura. “Poderemos usá-lo para descobrir a presença residual do HIV em pacientes que tomam os remédios”, acredita. “E tirar a medicação pouco a pouco quando for possível.” Villinger e seu time já preparam o teste de eficácia do PET Scan para visualizar o HIV em seres humanos.

Foto: Shutterstock