Montblanc é sinônimo de caneta e Louis Vuitton de bolsa. Certo? Nem tanto. Essas e outras marcas de luxo, como Cartier e Armani, resolveram diversificar seus produtos e, digamos, invadir a praia umas das outras. Hoje é possível encontrar a especialidade de uma grife à venda nas butiques da concorrente. As famosas canetas de estrelinha branca têm agora a companhia de bolsas femininas. A Montblanc acaba de lançar 12 modelos em couro preto, cada um com o nome de uma capital mundial, como Sidney, Hong Kong, Roma, Paris – nenhuma brasileira. Tão chiques como as canetas, as bolsas custam em média R$ 2,5 mil e são apenas o primeiro passo da grife rumo à diversidade. “Até 2003 teremos gravatas, jóias e acessórios femininos”, adianta Freddy Rabbat, presidente da Montblanc no Brasil. Os brasileiros ocupam o quinto lugar no consumo de canetas da marca e devem manter a posição frente aos novos produtos. “As grifes que mais crescem são aquelas que se mantêm fiel ao consumidor, mas atacam em diversos segmentos”, resume o presidente.

A Cartier, criada em 1847 como joalheria, aposta na diversidade há pelos menos duas décadas. “Primeiro lançamos os óculos, depois as carteiras, as pastas e, agora, as canetas”, conta Eduard Bos, diretor da Cartier no Brasil. De fato, são tantas agendas de mesa, bolsas coloridas e canetas exuberantes, que as jóias acabam ocupando um espaço discreto na loja. “Queremos que a consumidora de brincos, por exemplo, saia dali também com uma carteira ou caneta. Isso fortalece a marca”, revela Bos. O bolso, entretanto, fica um tanto enfraquecido. As canetas custam em torno de R$ 3 mil e um chaveirinho com o emblema da marca não sai por menos de R$ 460.

A Louis Vuitton, por outro lado, parece ter conseguido diversificar e manter um preço razoavelmente acessível. As novas gravatas da grife – que chegam às lojas brasileiras no próximo mês – devem custar o mesmo que no Exterior: aproximadamente US$ 150 (ou R$ 400). Em seda ou cashemira, elas estarão disponíveis em três estampas e fazem parte da nova estratégia de marketing da empresa. “Assim como as mulheres se amarraram nas nossas bolsas, os homens vão se identificar com as gravatas”, aposta Ricardo Reyes, diretor da Louis Vuitton na América Latina. Como não poderia deixar de ser, o italiano Giorgio Armani não ficou de fora dessa nova tendência. Esta semana ele lança, em Nova York, sua primeira linha de cosméticos. Batons, sombras e blushs com a assinatura do estilista, entretanto, não têm previsão para chegar ao Brasil. Por aqui, as variações de Armani aparecem em forma de colares brincos e pulseiras. Apesar do título de “semijóias”, os acessórios da grife custam até R$ 4 mil. Haja bolso para tanta diversidade.