Poucos dias depois de ser fechado um acordo para impedir que a Santa casa pare de funcionar, alguns médicos que participam do movimento para salvar a instituição estão sofrendo assédio moral e ameaças de demissão por parte de setores contrários às reformas.  Não se sabe se o facão virá a curto ou médio prazo ou se não passa de bravata, mas a atitude é condenável. O resgate da instituição depende do pacto, do trabalho e da honestidade de todos que nela atuam.

O acordo que pretende resgatar a instituição foi feito em duas etapas. Na manhã do dia 25, na Delegacia Regional do Trabalho, representantes do Sindicato dos Médicos concordaram em aguardar até dia 18 de março pelo pagamento dos salários de novembro, do 13o salário e dos valores referentes a março. Até lá, a Irmandade espera obter empréstimos pedidos à Caixa Econômica Federal (R$ 44 milhões) e outros bancos. Até agora, porém, não houve aceno positivo dos bancos. No dia 19, os médicos têm nova audiência na Delegacia Regional do Trabalho para quitação das dívidas trabalhistas. No dia seguinte haverá assembléia para discutir se os médicos farão greve caso o compromisso não seja cumprido. As outras categorias de profissionais da saúde estão decidindo com seus sindicatos se aceitam os mesmos termos.

Na tarde de 25 de fevereiro, a mesa administrativa da Santa Casa, que cuida da sua gestão, acatou a proposta feita pelo Ministério Público Estadual. A proposta envolve a modernização da gestão, alterações no estatuto, transparência na movimentação financeira da instituição e a participação das secretarias de saúde estadual e municipal no processo. Serão marcadas também as eleições para o cargo de Diretor Clínico do Hospital. Até agora, a escolha do ocupante do cargo ocorria de forma indireta e não reconhecida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Fontes da Santa Casa garantem que a mesa administrativa da Santa Casa protelou o quanto pode a aceitação e só concordou porque a alternativa seria uma intervenção.

A ameaça de demissão que ronda as lideranças dos movimentos de defesa da Santa Casa surge também no momento em que os médicos dão um passo decisivo na sua organização. Eles acabam de reconstruir a Associação Médica da Santa Casa, entidade que foi extinta há mais de 25 anos. A existência desse tipo de representação é um canal fundamental de diálogo entre o corpo clínico e a administração.

O momento não é propício para medidas que possam interferir no acordo recém-firmado. Fomenta o mal-estar a possibilidade de permanência do atual provedor, Kalil Abdallah, que se licenciou desde o começo da crise. Ele deve retornar em março. A comunidade quer que Abdallah deixe a instituição.
 

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