Divulgado na terça-feira 3, o vídeo que mostra o piloto jordaniano Muath Al-Kasaebeh sendo queimado vivo, dentro de uma jaula, é o símbolo máximo da estratégia mais perturbadora do Estado Islâmico: o horror sem limites. A aeronave pilotada por Al-Kasaebeh, integrante da coalizão liderada pelos Estados Unidos para combater o avanço dos jihadistas, foi abatida na Síria por um míssil disparado pelas forças do EI. Três dias antes de as imagens do corpo do piloto em chamas serem exibidas, os extremistas haviam transmitido mais um vídeo aterrador: a decapitação do jornalista japonês Kenji Goto, assassinado da mesma forma que pelo menos outros cinco reféns – todos eles tiveram suas mortes expostas pelas lentes das câmeras de TV. Como se as barbáries descritas acima não fossem suficientes, na quinta-feira 5 a ONU apresentou um relatório que chocou o mundo. Segundo “informações confiáveis coletadas por fontes em campo”, o Estado Islâmico crucifica, escraviza e enterra crianças vivas. Quem não morre é transformado em escravo sexual.

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BARBÁRIE
O piloto jordaniano foi capturado pelos extremistas
depois que sua aeronave caiu na Síria

O avanço do Estado Islâmico (só na Síria são pelo menos 50 mil integrantes), a disposição para a crueldade e o culto da morte que parece seduzir malucos de todas as partes (estima-se que o grupo conte com 19 mil estrangeiros) lançam uma discussão preocupante: os adversários do EI (praticamente o mundo inteiro, diante do terror patrocinado pelo grupo) não têm sido tolerantes demais? Não está na hora de adotar medidas mais incisivas, sob o risco de ser muito tarde? Na semana passada, Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos, disse que a fase da indignação já passou e que é hora de uma “posição mais firme” contra os rebeldes. Mas Obama, como seus pares europeus, até agora não apresentou opções eficazes de combate ao EI. Na Jordânia, a reação à morte do piloto foi a execução, por enforcamento, de dois terroristas da Al-Qaeda.

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PODER
Marcha dos rebeldes e o jornalista japonês que foi decapitado:
o EI já controla um terço do Iraque e da Síria

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O governo americano calcula que os extremistas já controlem um terço do Iraque e da Síria, além de manter amplas frentes na Líbia. Nos últimos meses, eles têm demonstrado enorme capacidade de atrair jovens dispostos a dar a vida pelo grupo e a praticar qualquer ato de violência contra os que se opõem à instalação de um califado, que tem como norma a interpretação radical da lei islâmica. O poder conquistado pelos insurgentes não tem precedente. O EI controla pelo menos 70 poços de petróleo na Síria e no Iraque e é, de longe, o grupo terrorista mais rico do mundo. Seus ativos estão avaliados em mais de US$ 2 bilhões, mas essa pode ser uma estimativa tímida. Enquanto o mundo não reagir drasticamente contra os terroristas, o horror continuará assustando todos nós.

Fotos: Militant Website/File/AP Photo; Divulgação