Um dia no lugar mais feliz do planeta, como a Disneylândia se autoproclama, passou a ser bem menos divertido desde que o parque californiano originou o surto de sarampo que já infectou 102 pessoas nos Estados Unidos. Segundo as autoridades americanas, milhares já foram expostos ao vírus que havia sido praticamente eliminado do país no ano 2000. A causa mais provável para a volta da doença, altamente contagiosa e que pode matar, são as crianças não vacinadas – fruto de pais que acreditam que imunizar faz mal. Das primeiras 20 vítimas na Disney, 15 não passaram pela vacinação. Esse fenômeno não é exclusividade de lá. Cada vez mais gente ao redor do mundo, inclusive no Brasil, rechaça avanços médicos que já salvaram incontáveis vidas desde que foram popularizados.

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SUSTO
Os casos da doença foram originados num parque
da Disney: até agora 102 pessoas foram infectadas

“Ao lado da água potável, as vacinas são a principal forma de prevenção, controle e erradicação de doenças. Pode haver reações adversas? Sim, mas a chance de contrair a doença sem elas é maior e a possibilidade de morrer não é desprezível”, afirma Rodrigo Angerami, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas. Mesmo práticas que, à primeira vista, são uma alternativa saudável à medicina tradicional, como o parto em casa, podem acabar em tragédia. “Até pacientes de baixo risco podem ter complicações. Os minutos são valiosos porque as primeiras células que têm lesões por falta de oxigênio são os neurônios”, diz a ginecologista Flávia Fairbanks.

Ao contrário do que muitos pensam, o sarampo não é uma doença inofensiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 145.700 pessoas morrem por causa da doença anualmente. Desde 2000, esse número caiu 75% em decorrência da vacinação em massa. Nos EUA, onde a doença era considerada quase erradicada (menos de 50 casos por ano), o sarampo reapareceu depois das campanhas antivacina, e em 2013 os infectados pularam para mais de 600. “Faltam para esses grupos dados com embasamento científico. O conhecimento é a grande vacina contra a desinformação”, afirma Angerami.