Não é verdade que a hepatite C pode ser transmitida pelo uso comum de pratos e talheres, como afirma a reportagem Epidemia Silenciosa, publicada na edição 1662, de 1º de agosto. O contágio ocorre pelo contato com o sangue contaminado. A matéria suscitou outros debates. O presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Dante Langhi, de São Paulo, condenou a orientação da associação Transpática (de portadores de males hepáticos), aos que pensam ter hepatite, para que doem sangue. A doação inclui exames obrigatórios da qualidade do sangue e esse seria um recurso para diagnosticar o mal. Mas “quem acha que tem uma doença infecto-contagiosa não deve doar”, diz Langhi, porque, no caso da hepatite C, os testes sorológicos feitos pelos bancos de sangue não revelam a presença de anticorpos contra o vírus no período de 60 a 80 dias após o contágio. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a forma segura de descobrir a hepatite C é procurar serviços de atendimento da rede pública aparelhados para realizar os testes de diagnóstico da enfermidade. A Transpática afirma que continuará orientando apenas pessoas carentes e sem risco aparente a optar pela doação para certificar a ausência do vírus. Os especialistas desaprovam a vinculação entre doações e a identificação de hepatite.

Um outro ponto polêmico é o sucesso do tratamento. Para o infectologista Artur Timerman, corresponde a 40% dos casos tratados com as drogas atuais. A hepatologista Ana Olga Mies, da Unidade de Fígado do Hospital das Clínicas de São Paulo, sustenta que, dependendo do subtipo do vírus e do estágio da doença, o êxito atinge de 65% a 70%. “Deve-se ter cuidado com estatísticas para não gerar expectativas infundadas”, diz Timerman.