Silenciosos passos da ciência tropeçam, de quando em quando, nas resistências naturais da sociedade, e o resultado é muita confusão e polêmica. É o que está acontecendo agora com a revelação do médico italiano Severino Antinori, que prometeu, na quarta-feira 8, produzir um clone humano até novembro. Antinori disse que vai utilizar a mesma técnica que, em 1996, produziu a ovelha Dolly, também sob uma saraivada de debates e discussões. A confusão gerada pelo anúncio/ameaça feito pelo médico italiano é natural e saudável, pois deve, em última instância, balizar um caminho em direção ao bom senso que pode aliar dois extremos e servir para evitar as aberrações de laboratório e, ao mesmo tempo, não obstruir os progressos científicos. Como defende o médico Thomaz Gollop, professor livre-docente em genética médica pela Universidade de São Paulo e diretor do Instituto de Medicina Fetal, “o importante é não vetarmos a clonagem terapêutica, que representa um avanço da medicina”.

Mas se a ciência avança, às vezes parece que a humanidade regride. É a impressão que se tem ao ver a foto do sacrifício de uma criança em nome dos ódios ancestrais de duas culturas que não conseguem impedir que suas diferenças invadam o terreno da barbárie e provoquem vítimas indiscriminadamente.


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