Renato Velasco
Szpilman disputou uma garoupa com uma moréia

São 844 espécies de peixes, divididas em 147 famílias e 429 gêneros. A moréia-pintada, por exemplo, costuma se movimentar solitária e passa o dia todo entocada. Apesar de não ter o costume de atacar o homem, é considerada um bicho bravo. Ao se sentir ameaçada, morde e não larga o osso facilmente. Já a garoupa-pintada é conhecida como a curiosa, não teme o mergulhador e só se afasta quando ele chega muito perto. E o badejo-amarelo é hermafrodita, nasce fêmea e muda de sexo quando cresce. O voador também poderia ser chamado de suicida. Atraído pela luz dos barcos dos pescadores durante a noite, ele praticamente se joga sobre o convés, selando sua sentença. Quem quer se aventurar por esses e outros segredos do fundo do mar pode começar devorando o livro Peixes marinhos do Brasil – guia prático de identificação. Lançada no início do mês, com 400 ilustrações espalhadas por 288 páginas, a obra usa termos técnicos, mas é escrita para leigos e relaciona as espécies mais importantes e conhecidas.

“Quando vemos um peixe colorido e exótico sempre temos curiosidade em saber qual é o seu nome. Foi para acabar com estas dúvidas que resolvi escrever o livro”, diz o autor Marcelo Szpilman, 39 anos. Biólogo marinho e diretor gerente do Instituto Ecológico Aqualung, do Rio de Janeiro, Szpilman desvenda os mistérios do oceano descrevendo as características, coloração, medidas, hábitos, comportamento e formas de captura das espécies brasileiras nos 9.198 quilômetros de costa. Os temidos tubarões, claro, também estão ali. Szpilman relacionou 18 tipos. Os tinteiras, por exemplo, são considerados os maiores devoradores na Austrália e no Caribe. Nos últimos anos, foram registrados 27 ataques a pessoas – felizmente, nenhum no Brasil. No estômago desses animais – que Szpilman descreve como solitários e agressivos quando estimulados por comida ou sangue – teriam sido encontrados correntes, roupas, um cachorro e até partes do corpo humano. Como o guia foi escrito para todos os amantes do mar, a edição também tem versões em inglês, francês e espanhol. Custa R$ 70 e é encontrado no site www.institutoaqualung.com.br, em livrarias e lojas especializadas em mergulho.

Nas incontáveis vezes em que acompanhou o pai até a beira do mar para vê-lo mergulhar, Szpilman caiu de amores pela costa brasileira. Mergulhador profissional, seu entusiasmo com o assunto já rendeu três outros livros, nos quais ensina técnicas de mergulho e indica lugares apropriados para a prática do esporte. Mas as melhores histórias não estão nos livros. Foi na região dos Lagos, no Estado do Rio, que Szpilman disputou com uma moréia uma garoupa entocada. Ele e um amigo estavam mergulhando quando a moréia resolveu perturbar a paz debaixo d’água. “A disputa durou mais de duas horas, mas acabamos ganhando. E não é história de pescador”, afirma, orgulhoso. Como se não bastasse disputar suas presas, Szpilman cansou de brigar em restaurantes e peixarias: “Não levo gato por lebre”. Entendido em peixes, diz que é comum comprarem peixe-batata pensando que é namorado. Ou, então, goete no lugar de pescada e ubarana no lugar de robalo.  

Instituto Aqualung:(021) 5583428

Jamanta Na primavera, época de acasalamento, dá saltos para fora da água
Pirá Morde ao ser manipulado e pode causar ferimentos graves
Garoupa-pintada É chamada de curiosa por não temer o mergulhador
Namorado e Peixe-batata Nos restaurantes, muitas vezes, o cliente saboreia o segundo achando que é o primeiro
Goete e pescada-amarela Muito parecidos, esses peixes também são confundidos por consumidores desavisados
Galo-de-penacho Anda em cardumes e gosta de ficar perto de pontes e decks
Moréia-pintada Não sai da toca para atacar, mas morde se for ameaçada
Voador Durante a noite, atraído pela luz do barco, se atira sobre ele
Paru-rajado Filhote, vive bem em aquário. Adulto, não se adapta

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