23/01/2015 - 20:00
O ex-deputado André Vargas diz que está no sufoco. Desempregado, expulso do PT e com o mandato cassado, o político paranaense procurou velhos companheiros para conseguir um cargo público. Ninguém lhe estendeu a mão, nem mesmo os mensaleiros para quem ergueu o punho cerrado em solidariedade na época do julgamento da ação penal 470. Vargas tem dificuldade até para pagar a escola dos filhos. Na gravação que derrubou o petista, o doleiro Alberto Youssef lhe prometeu “independência financeira”.
O agente Careca I
O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, afirmou em depoimento prestado em novembro que recebia R$ 1,5 mil a cada entrega de dinheiro feita a pedido de Alberto Youssef. De 2010 a 2014, o agente distribuiu pelo menos R$ 16,9 milhões. A PF investiga, agora, a empresa de transporte Enseada 19, registrada em nome de Careca.
Mais fogo amigo
A cúpula do PT anda preocupada com o fogo amigo. Integrantes do partido derrotados na última eleição, e que não conseguiram cargos na Esplanada ou nos Estados, ameaçam atirar ao estilo Marta Suplicy. O deputado estadual Adriano Diogo já começou a pôr a boca no trombone.
As bombas-relógio do PMDB
Na avaliação de três caciques do PMDB reunidos na semana passada, os cargos recebidos pelo partido no segundo mandato de Dilma Rousseff têm potencial para render grandes desgastes. Isso aconteceu em Minas e Energia e, acreditam, pode se repetir na Secretaria da Pesca.
Por um plano de saúde
Funcionários comissionados da Câmara batalham pelo direito de ter um plano de saúde. Quando foi presidente da Casa pela primeira vez, Arlindo Chinaglia (PT-SP) tratou do assunto com o sindicato, mas recuou. Desta vez, os servidores acreditam que a ideia pode emplacar.
Disputa sindical
A Confederação dos Trabalhadores da Segurança Privada (Contrasp) está acusando sua congênere, a Confederação Nacional de Vigilantes (CNTV), de forjar assembleias para se apropriar de R$ 10 milhões da contribuição sindical. Segundo a Contrasp, a CNTV perdeu legitimidade.
O agente Careca II
A Enseada 19 foi aberta em junho de 2011. No endereço informado à Receita Federal funciona uma churrascaria. Os investigadores apuram agora se existe alguma ligação entre Careca e Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Careca viveu em Cruzeiro (SP), cidade natal de Duque.
O futuro de Agnelo
O PT do Distrito Federal estuda três possibilidades para o ex-governador Agnelo Queiroz deixar o partido. A primeira, mais desejável, é que ele tome a iniciativa de sair da legenda. A segunda, traumática, é a expulsão. A terceira é desfiliá-lo da legenda, mas nesse caso Agnelo poderia levar o caso à Justiça. Ficar, dizem, ele não fica.
“Dilma Bolada” fora do tom
Contratado pelo PT para a campanha de reeleição de Dilma, o humorista Jefferson Monteiro perdeu a função no início do segundo mandato. Na campanha, a descontração do personagem “Dilma Bolada” ajudava. Agora, cria constrangimentos. A Secretaria de Comunicação da Presidência não gostou das últimas postagens da personagem criada por Jefferson, com montagens de Dilma na piscina e fazendo referência à neve. Para o Planalto, o País não está com humor para ver a presidente fictícia debochando dos cidadãos durante uma campanha subliminar que pede a racionalização do uso da água e da energia elétrica.
Sem crise no Judiciário
Enquanto o Executivo corta despesas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gasta mais de R$ 1 milhão para comprar oito novos carros, de R$ 134 mil cada um, para os sete ministros. Vale lembrar que o TSE é composto por três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgãos que já dispõem de automóveis para os magistrados.
Tomá lá, dá cá
Domingos Leonelli (PSB-BA), suplente de deputado federal
ISTOÉ – Por que o sr. não quis assumir a cadeira de deputado no recesso?
Domingos Leonelli – Nunca ganhei dinheiro sem trabalhar. A Câmara não está funcionando, não faz sentido assumir um mandato em janeiro e sair em fevereiro.
ISTOÉ – Edgar Moury (PSB-PE) também não assumiu. Foi uma orientação do partido?
Leonelli – Não combinamos nada, nem o conheço. Deve ser consciência socialista. Se eu assumisse, daria razão para quem falasse mal de mim.
ISTOÉ – Como se poderia acabar com o mandato de um mês?
Leonelli – A regra deveria ser reformada para não permitir mandatos com menos de três meses. O suplente só assume quando o titular se ausenta por um motivo justo. Parlamentar assume por um mês para não fazer nada.
Retrato falado
Conhecido como um dos mais contundentes críticos do governo federal, o senador Aloizio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice-presidente na chapa do tucano Aécio Neves, surpreendeu ao elogiar o posicionamento da presidente Dilma Rousseff no episódio do fuzilamento do brasileiro Marco Archer, executado no domingo 18. Archer foi condenado à morte pelo governo da Indonésia por ter tentado entrar no país em 2004 com 13 quilos de cocaína. “Dilma fez a coisa certa ao protestar de forma veemente e se esforçar para que caia a sentença de morte sobre o outro brasileiro”
Rápidas
* O governo vai se empenhar na aprovação de uma proposta que ameaça os lucros de grandes empresas de comunicação. Um projeto de autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS) acaba com a renúncia fiscal para rádios e TVs pela exibição do programa eleitoral.]
* Em 2014, entre 19 de agosto e 24 de outubro, a União deixou de arrecadar R$ 839,5 milhões desses impostos. A ideia é considerar que as concessões são públicas e retirar o benefício dado às empresas pela exibição dos programas. A equipe econômica tem interesse.
* O Senado não tem cartão de crédito corporativo, mas entrega dinheiro vivo na mão de seus servidores. No início do ano, com a despensa vazia, o mordomo da residência oficial, Francisco Joarez Cordeiro, usou R$ 13,9 mil para fazer compras de emergência.
* Francisco Joarez Cordeiro ficou famoso em maio de 2013. Na ocasião, o Senado tornou público o salário dos servidores e o País descobriu que o mordomo tinha um salário superior a R$ 18 mil para cuidar da copa e das refeições da residência oficial.
Ravenna cumprimenta Dilma
A presidente Dilma ganhou um “parabéns” do médico Maximo Ravenna. O argentino esteve com ela na sexta-feira 16 e elogiou o empenho de Dilma em seguir o método de emagrecimento criado por ele. Na edição do dia 9 de janeiro, ISTOÉ publicou que Ravenna teria 76 anos, mas o médico entrou em contato para corrigir a idade. Ele tem 67 anos. Vaidoso, segue sua própria dieta e diz que tem corpinho de 40.
Pressão contra medalhas
A concessão de comendas e medalhas a políticos fichas-sujas está sob ataque. A iniciativa de uma procuradora da República de cobrar do Exército a cassação de medalhas de mensaleiros animou ações semelhantes na Aeronáutica, em tribunais e até do Ministério Público Militar.
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo
Fotos: Sérgio Lima/Folhapress; Carol Garcia/GOVBA; Adriano Machado/AG. ISTOé