A grave crise na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo está longe do fim. Depois de ter corrido o risco de fechar suas portas no final do ano passado por causa da falta de materiais hospitalares para prestar atendimento, agora paira sobre a instituição a ameaça de um corte na folha de pagamento que pode atingir até 20% dos funcionários. 

Na tentativa de ajudar a salvar a instituição – principal hospital filantrópico da América Latina -, médicos e funcionários estão se mobilizando para pedir a destituição do provedor, o advogado Kalil Abdalla, que tirou licença de três meses no final do ano. Entre outros problemas, há auditorias que apontam falhas graves na gestão dos recursos do hospital. 

Os profissionais estão recolhendo assinaturas dos integrantes da irmandade (escolhidos entre membros da sociedade paulistana e chamados de “irmãos”) para convocar uma assembléia extraordinária pedindo a saída de Abdalla. No momento, há mais de 110 assinaturas. Mas eles precisam de mais.

Entre os membros da Irmandade estão o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o ministro das Cidades Gilberto Kassab; o senador e ex-governador José Serra; o político Paulo Maluf; o jurista Ives Gandra e a atriz Beatriz Segall.

Leia, abaixo, a carta dos médicos e funcionários. 

À IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

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Prezados IRMÃOS,

A Santa Casa de São Paulo precisa da ajuda dos senhores. Como é de conhecimento de todos, a instituição passa pela mais grave crise da sua história. Uma crise que a levou ao estado de insolvência, a um passo de intervenção pelos órgãos públicos e – pior do que isso – a uma profunda crise de credibilidade perante os funcionários, as autoridades e a sociedade. Neste momento, o hospital está funcionando parcialmente, tamanhas as dificuldades que enfrenta. Apesar das limitações, continuamos oferecendo segurança e qualidade de atendimento para aqueles que dele necessitam. 

A história da Santa Casa mistura-se à de São Paulo. São 430 anos de assistência aos mais pobres desta cidade e de papel importante na formação de novos médicos. A instituição foi responsável pela fundação da primeira faculdade de medicina de São Paulo e hoje segue como um dos centros de ensino mais respeitados do País. 

Permitir seu desaparecimento é aceitar passivamente a extinção daquilo em que acreditamos. Por isso, nós do Movimento Santa Casa Viva – integrado por médicos e funcionários cujo interesse único é a recuperação da instituição – pedimos a vocês que façam sua parte para salvá-la. 

Estamos lutando pela destituição do provedor licenciado Kalil Abdalla, à frente da Provedoria desde 2008, período no qual a crise só se aprofundou – auditorias realizadas até agora apontam falhas graves na aplicação dos recursos da instituição. Para que isso se efetive é necessária a convocação de uma Assembléia Extraordinária da irmandade. Precisamos que os senhores assinem o documento de convocação da reunião e compareçam ao encontro para ajudar a decidir o futuro da Irmandade e de seus hospitais. Os senhores têm nas mãos o poder de realizar seu maior e mais relevante serviço à população desta cidade. A Santa Casa pede a sua misericórdia. 

Movimento Santa Casa Viva 


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