O bioquímico Kim Song Duck, 38 anos, já se acostumou com a cara de espanto de seus amigos quando diz o nome do curso no qual resolveu se matricular na Universidade Anhembi-Morumbi, em São Paulo: quiropraxia. “O que é isso?”, perguntam sempre. Pacientemente, Kim diz ser a ciência que estuda o uso das mãos para corrigir problemas musculares e articulares em geral, sem o uso de medicamentos. Todo o mundo, um dia, irá precisar de um quiropraxista, garante Kim. Para atender essa clientela, a Anhembi-Morumbi iniciou o curso de quiropraxia em fevereiro de 2000. Ele tem cinco anos de duração e ainda não foi regulamentado pelo Ministério da Educação. Apesar de ser novidade para muita gente, a quiropraxia existe no Brasil desde a década de 20. “Não é um curso de massagem. Ela capacita pessoas a diagnosticar, trataºr ou prevenir doenças musculares usando as mãos”, informa Kim. Em países como Estados Unidos, Austrália, Canadá e México, a atividade é regulamentada por lei e sua prática está integrada aos sistemas de saúde.

Helcio Nagamine
Kim: curso surpreende amigos

A quiropraxia é uma entre muitas novidades, como os cursos de comunicação em multimeios e comunicação e artes do corpo. Com tanta oferta de novas profissões, os alunos ficam perdidos na hora da escolha. A estudante Fernanda Maria Felgueiras foi aprovada, há dois anos, para o curso de artes do corpo na PUC-SP. Durante quatro anos, ela irá estudar técnicas que ensinam a usar o corpo como um meio de comunicação. Não se trata de um curso de teatro. Nas aulas, os alunos aprendem a desenvolver, por exemplo, a postura e a autoprodução. “O objetivo é criar mecanismos para que cada um desenvolva seu próprio projeto usando seu potencial humano de comunicador”, diz o professor Carlos Gardim, coordenador do curso.

Os estudantes têm disciplinas como anatomia, eutonia (técnica que privilegia a economia de esforço e o uso adequado dos músculos) e linguagem do corpo, entre outras. O aluno escolhe em qual modalidade quer se especializar. “Pode ser na dança, no teatro, na moda e até na publicidade”, observa Gardim. Fernanda, que participa do grupo Trupitê, do Teatro da Universidade Católica (Tuca), considera as aulas de anatomia as mais importantes porque mostram como funciona o corpo humano. “Assim, é possível identificar como cada músculo reage diante de uma ação no palco, por exemplo”, explica a estudante.

Alan Rodrigues
Gustavo estuda futurologia, entre outras disciplinas

Futuro – Para quem se surpreende com o curso de artes do corpo, o de comunicação em multimeios, também da PUC-SP, é outro considerado inusitado. Ele atende a uma necessidade provocada pelo avanço da tecnologia, segundo o seu coordenador, o professor Mário Fontes. O curso tem disciplinas como futurologia, entre outras. “Mas não se trata de matéria que estuda a leitura das mãos”, esclarece Fontes. “Ela traça o futuro dos cenários econômicos, tecnológicos e políticos fazendo previsões.” Outra disciplina curiosa é lógica da navegação, que ensina o aluno a transformar a realidade do mundo real para o virtual. “Estamos criando um novo profissional para o mercado”, garante o professor. Indecisos em relação à carreira profissional, os irmãos Gustavo e Tulipa Roiz Chagas optaram pelo curso e estão empolgados. “Vou trabalhar com programação, roteirização, animação e captação de imagens”, anima-se Tulipa.

Na Universidade de Brasília (UnB), quem quiser já pode fazer até cursos de culinária e administração de restaurantes. Eles estarão acessíveis a partir do segundo semestre. A procura tem sido surpreendente. Os cursos terão currículo e supervisão técnica a cargo da tradicional escola Le Cordon Bleu, da França. O experiente chef francês Dominique Guerin e Eduardo Camargo, dono do Via Vecchia, vão passar sua larga experiência em restaurantes estrelados para os alunos. São apenas 64 vagas por semestre para cada curso. Nada menos que 1.050 candidatos já estão inscritos para disputar as vagas do curso de chef de cozinha. Para a área de administração de restaurantes, são 650 pretendentes. O custo ainda não está definido, mas será inferior aos US$ 36 mil cobrados em Paris. A duração é de dois anos. A escola funcionará em um conjunto de prédios projetados pelo arquiteto José Zanini, adaptado para receber os equipamento do Cordon Bleu. O currículo prevê que os aspirantes a chef terão aulas teóricas e práticas no primeiro semestre e cumprirão estágio em restaurantes de todo o País no segundo. Voltarão depois à sala de aula no terceiro semestre e farão novo estágio de seis meses em restaurantes do Brasil e do Exterior, antes da prova final de graduação.