Ela não é noviça, mas é rebelde. Chama-se Luzia Benedita Tostes, tem 37 anos e pertence à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição – ordem que leva no próprio nome o dogma da castidade e da pureza da carne. Mas a carne é fraca. Numa perua de lotação da linha do metrô Santa Cruz-Heliópolis, uma das mais abarrotadas de São Paulo, irmã Luzia conheceu o perueiro Gledson. Foi um ano e oito meses de perua, até que ela engravidou. Conseguiu disfarçar a gravidez, com roupas largas, e prosseguiu no seu trabalho social no centro da cidade. Todos os dias, a freira ia à feira comprar frutas para os pobres. Veio então o sétimo mês de gestação e é como se a irmã Luzia tivesse se tornado de fato uma freira voadora – ela sumiu. Passado um tempo, a Congregação das Irmãzinhas recebeu uma carta e nela Luzia dizia ter sido sequestrada:

Queridas, eles não vão acabar comigo porque disseram que matar uma freira é pecado. Pecado é o que já estão fazendo.”