Antonio Carlos Prado, editor de A Semana, seção de notas curtas e saborosas que começa após esta página, recebeu um telefonema por volta das 19h30 do domingo 17. Era Sheila, namorada de um de seus repórteres, Douglas Tavolaro. Ela pediu desculpas por incomodá-lo e, singelamente, avisou que Douglas estava preocupado porque temia se atrasar para o trabalho na segunda-feira, uma vez que se tornara refém na Casa de Detenção. Os presos, a princípio, prometiam libertar os reféns somente por volta do meio-dia. Acompanhado da fotógrafa Ana Nogueira Mazzei, Douglas iniciava uma reportagem sobre o trabalho dos evangélicos dentro das prisões quando foi surpreendido pelo megamotim. Reportagens policiais sempre atraíram este jovem talentoso de 23 anos, nascido no bairro do Tatuapé, em São Paulo, filho de comerciantes, autor do livro A casa do delírio – uma viagem pelo Manicômio Judiciário de Franco da Rocha, fruto do trabalho de conclusão do seu curso de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Douglas chegou a ISTOÉ como estagiário e, em junho do ano passado, tornou-se repórter. Saudavelmente, não se envergonha de confessar o medo que sentiu quando estava no olho do furacão que assolou a Detenção no último domingo.