A estudante Luciana Silva, 22 anos, passou cinco meses com dor de cabeça. Procurou um neurologista, um oftalmologista e um otorrinolaringologista, mas ninguém resolveu seu problema. Até que ouviu falar da odontologia sistêmica, especialidade que promete curar males a partir do conserto dos dentes e das articulações da boca. Ela procurou um especialista e, uma semana depois, não sentia mais nada. “Ele verificou que minha mordida não encaixava. Essa era a causa da dor”, lembra.

A solução do problema de Luciana é óbvia para um ortodentista sistêmico: a causa era uma disfunção muscular da boca ocorrida em consequência de problemas na articulação. Quando esse mecanismo é afetado, pode surgir a dor de cabeça. “Corrigida a disfunção por meio de aparelhos, acaba a dor”, garante Newton de Sá Júnior, que acaba de lançar o livro Iniciação à odontologia sistêmica. A especialidade relaciona a boca à personalidade, à postura e às deficiências orgânicas. Seu maior diferencial em relação à odontologia clássica é trabalhar com uma quarta dimensão, além da altura, largura e profundidade: o espaço vazio onde a língua se movimenta.

Carlos Magno
"Minha mordida não encaixava. Essa era a causa da minha dor de cabeça."

O tal espaço foi a causa das dores do diplomata Marcos Buck, 40 anos. Ele sofria de gastrite e, depois de consultar um gastroenterologista, passou a tomar remédios. “Era apenas um paliativo”, recorda-se. Buck, então, procurou um ortodentista sistêmico. Em seis meses estava curado. A causa de seu problema era o limitado espaço interno de sua boca, que, quando fechada, empurrava a língua para trás. Se a língua perde espaço, comprime os canais da saliva, além de empurrar a epiglote, que, por sua vez, empurra a glote, diminuindo a passagem do ar, aumentando a oxigenação no local. A compressão dos canais causa redução da saliva. Ao mesmo tempo, o aumento da oxigenação faz com que a saliva fique mais ácida e irrite o estômago. “É preciso corrigir o espaço interno da língua com aparelhos”, esclarece Sá Junior.

Com princípios semelhantes aos do dentista, a ortodentista sistêmica Telma Rocha virou uma espécie de pronto socorro estético de estrelas globais. Ela ajudou a embelezar ainda mais o sorriso de Patrícia Pillar e corrigiu defeitos bucais da apresentadora Angélica, entre outros. Telma se tornou especialista em atender pacientes com síndrome da articulação temporomandibular (satm), problema que provoca dores de cabeça, musculares e na coluna. “O mau posicionamento dentário e da mandíbula são fatores determinantes para o aparecimento da ATM”, explica. O tratamento dura de um a dois anos, mas a dor desaparece nas primeiras semanas com o uso de aparelhos. Para Telma, a odontologia sistêmica faz uma nova leitura do problema do paciente a partir dos artifícios da odontologia clássica. Apesar de pouco conhecida, a especialidade tem o aval da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). “A odontologia sistêmica está crescendo e é aceita pela ABO como atividade científica”, afirma o professor e integrante da entidade, Roberto Prado. 


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