A crise econômica atingiu em cheio uma das mais tradicionais instituições católicas de ensino superior do Rio, a Universidade Santa Úrsula, que forma alunos da elite carioca. A universidade foi fundada em 1937 por Alceu Amoroso Lima, um dos maiores pensadores católicos, já falecido. Foi a primeira a abrir vagas para mulheres no Rio. Agora, está com salários atrasados há quase um ano, além de dívidas com fornecedores. Professores abandonam a escola, que tem seu campus em Botafogo, na zona sul. “Alguma coisa precisa ser feita para salvar a universidade”, diz o coordenador do curso de informática, Roberto Lema, que se desligou na semana passada. O reitor, Raimundo Romeu, também acaba de deixar o cargo em razão das dificuldades para pôr em dia as contas da instituição. “O quadro é grave, mas o ensino continua a ter boa qualidade”, garante Romeu, que é representante do Brasil na Universidade das Nações Unidas, na Bélgica, nomeado em maio pelo secretário-geral, Kofi Anan.

As dificuldades são causadas não só pelo custo do ensino superior e da pesquisa, mas também pela perda de alunos. O presidente da Associação dos Docentes, Eduardo Quadra, disse que, em 1988, a instituição chegou a ter 9.400 alunos e, este ano, tem apenas 2.700. “As universidades particulares estão em crise por não terem financiamento para investimentos no ensino e pesquisa”, constata o ex-reitor e ex-ministro da Justiça Célio Borja. O curso de matemática da universidade teve nota A no Provão três anos seguidos: em 1998, 1999 e 2000. O de direito, porém, foi questionado pelo MEC por não possuir uma biblioteca completa. As exigências foram cumpridas posteriormente e aprovadas pelo Ministério. Um movimento pela recuperação da Santa Úrsula está sendo iniciado no Rio e tem o apoio, entre outros, de ex-alunos, como a neta de Getúlio Vargas, Celina Vargas do Amaral Peixoto.


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