Todo o vazio existencial e o niilismo do irlandês Samuel Beckett estão presentes na montagem desta peça assinada por José Celso Martinez Corrêa. Só não tem a poesia becketiana. A lacuna, no entanto, é preenchida com humor pela realidade das referências como o apagão, Silvio Santos, sexo e outras mazelas tupiniquins. No Godot de Zé Celso, os vagabundos Wladimir (Selton Mello) e Estragão (Otávio Müller) passam mais de duas horas matando tempo, pasmaceira quebrada pela triunfal chegada do cáuboi estilizado Pozzo (Xando Graça) e seu escravo Lucky (Fernando Alves Pinto), vestido de porteiro de hotel de luxo, deslizando sobre patins. Em ritmo de perplexidade, Zé Celso injeta orgia e carnaval ao criativo espetáculo, que só peca por um longo e dispensável tempo de duração. Aplausos também para a cenografia enxuta de Gringo Cardia e à bela iluminação de Ricardo Marañez. (C.C)
Vale a pena