1900: espartilhos ainda delineiam a cintura feminina. As saias são longas e rodadas

A partir desta semana, um dos maiores legados da história da moda no século XX estará disponível nas principais livrarias do País. Moda do século (editora Cosac & Naify, R$ 59), do escritor francês François Baudot, retrata as transformações de comportamento e os respectivos trajes, desde a Belle Époque até o final dos anos 90. São 340 páginas, com ilustrações, fotos e dados históricos que, ao contrário do que prega o senso comum, atestam que a moda não é apenas uma determinação da indústria têxtil nem mera consequência da vaidade feminina.

Anos 20: estilistas trazem da Grécia antiga modelos mais confortáveis

Trata-se de um rico objeto de estudo que, cada vez mais, passa a ser encarado com seriedade, por possuir estreitas relações com os principais acontecimentos da história mundial. Prova disso é que, nos últimos cinco anos, a quantidade de títulos sobre o assunto dobrou nas prateleiras das livrarias. Nas principais lojas do ramo, é possível encontrar mais de 50 títulos relativos ao tema. Em 1999, a editora Cosac e Naify lançou a coleção Universo da moda, com 15 volumes que trazem uma cronologia básica sobre os principais estilistas internacionais.

Anos 30: Chanel faz calças femininas com tecidos de roupa de baixo masculina

Para Miti Shitara, professora de história da moda das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e Santa Marcelina, de São Paulo, Moda do século é uma das obras mais completas já editadas. “São centenas de informações que retratam com fidelidade os caminhos das vestimentas durante todo o século XX. Gostaria apenas que todas as fotos e ilustrações viessem acompanhadas das datas em que foram concebidas”, comenta. Apesar dessa falha, a obra contém excelente material didático para os iniciantes. Ao contrário de outras bíblias sobre o assunto, a obra trata do tema com uma linguagem simples, acessível e não pressupõe que seus leitores sejam experts.

Anos 50: Dior traz de volta as cinturas marcadas

Moda do século explica com clareza por que os espartilhos que estrangularam as cinturinhas femininas durante todo o século XIX não sobreviveram à Primeira Guerra Mundial e foram substituídos por vestidos mais leves e retos durante os anos 20. Justifica a importância da figura de Coco Chanel na mudança de comportamento de uma legião de mulheres que passaram a usar calças compridas. Esclarece também a diferença entre a alta-costura e a moda dita prêt-à-porter. E, incrível, faz com que a moda perua e exagerada dos anos 80 pareça ter sentido. Os entusiastas da crescente moda do Brasil talvez estranhem o fato de Ocimar Versolato ser o único brasileiro citado em 100 anos de história. Mas François Baudot conclui o século em 1997, antes de Gisele Bündchen, Fause Haten e Alexandre Herchcovitch virarem astros do mundo fashion internacional.  

 

  
Anos 60: A modelo Twiggy representa a rebeldia de minissaia Anos 70: É a antimoda dos hippies Anos 80: Brilhos marcam o exagero da época