infecção hospitalar representa um dos mais sérios riscos à saúde de quem está internado em um hospital – além, é claro, do motivo que o levou a ser atendido. Ela pode surgir 48 horas após a internação do paciente, causada por microorganismos presentes nesse ambiente. Em geral, as pessoas em regime hospitalar estão com a imunidade baixa e se tornam mais vulneráveis a bactérias que estão se tornando mais resistentes à ação dos medicamentos. No Brasil – onde não há estatísticas oficiais sobre os casos –, estimativas indicam que 2,3 milhões de pessoas por ano são infectadas. As taxas de mortalidade variam de 20% a 30%, dependendo do agente infeccioso.

Uma das principais situações de risco para a infecção do paciente por bactérias como o Streptococcus epidermitis ou Pseudomonas é a introdução de soro, medicamentos e sangue nas veias do doente com uso de cateteres e outros dispositivos. “As contaminações das conexões ou fluido infundido representam 30% dos casos”, assegura o infectologista Eduardo Medeiros, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Universidade Federal de São Paulo.

Atualmente, há dois métodos utilizados para essas aplicações. O sistema aberto, usado em 80% dos procedimentos no Brasil e comum na América Latina e no Leste Europeu, e o sistema fechado, adotado nos hospitais americanos e europeus há três décadas. O primeiro usa frascos de plástico semi-rígido ou vidro que necessitam da entrada de ar para que a solução escoe para as veias. Desse modo, permite o contato do conteúdo com o meio externo, onde circulam os microorganismos. Às vezes esses frascos também precisam ser ajustados para adicionar medicamentos ou voltar a fluir normalmente. O sistema fechado é um tipo de embalagem flexível para acondicionar soluções injetáveis que murcha gradativamente, sem necessidade de ar externo, e por isso é mais seguro.

A boa nova é que, a partir de março de 2008, todos os hospitais brasileiros deverão adotar o modelo fechado. Hoje, cerca de 20% das instituições hospitalares do País, em geral as melhores, já usam esse sistema. A resolução que obriga a adequação dos hospitais foi publicada em 2003 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com prazo de 60 meses para indústrias e hospitais se adaptarem. Quem não obedecer à regra estará sujeito às penalidades da fiscalização. “A mudança aumenta em 64% a proteção dos pacientes e fará diferença no controle das taxas de infecção hospitalar”, diz Medeiros. Segundo a Baxter, um dos fabricantes do sistema, o modelo fechado é cerca de 50% mais caro.

Outros pontos fracos da defesa contra as bactérias precisam ser fortalecidos, e com urgência. Além da correta desinfecção dos equipamentos e do uso racional de antibióticos para evitar que os microorganismos continuem a desenvolver resistência, está provado que a higiene das mãos dos profissionais da saúde faz enorme diferença no controle dessas infecções. Porém a adesão varia entre 16% e 80%. Nos Estados Unidos, já se fazem campanhas para que os pacientes perguntem aos doutores se lavaram as mãos antes de examiná-los. A medida pode reduzir em 30% as contaminações. No caso brasileiro, o problema é anterior. Levantamento da Anvisa com 4.148 hospitais revelou que 51% dos estabelecimentos não desenvolvem programas de controle de infecções, embora 76% tenham comissões formadas. O trabalho mostrou também que mais da metade dos hospitais não treina seus profissionais para prevenir novos casos. Diante disso, na hora de escolher um hospital, é imperativo verificar se há comissão de controle de infecção e pedir para conversar com o médico para saber como é feita a prevenção”, orienta Medeiros.

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