Não basta suar a camisa. Em nome de seus clubes ou seleções, muitos atletas estão tirando a camisa, o calção e até a roupa de baixo. A mania faz parte de uma “tática” para arrecadar dinheiro que vem ganhando terreno no mundo esportivo. As peladonas da vez são as espanholas. As jogadoras do time de handebol Orsán Elda Prestigio apareceram nuas na revista Interviu. As 12 moças posaram no vestiário do clube. O objetivo era chamar a atenção e atrair patrocinadores para cobrir os custos de participação na liga européia, previstos em 680 mil euros (cerca de R$ 1,8 milhão) por ano. Até então o Orsán Elda tinha garantido menos da metade do valor. “A decisão de tirar a roupa foi muito difícil. Somos atletas e só fizemos isso para não deixar de participar da competição por falta de verba”, diz a paulista Viviane Jacques, que atua no time espanhol e na seleção brasileira. Também na Espanha, as jogadoras de futebol feminino do AD Torrejón fizeram o mesmo. Tanto empenho é algo que nem todos estão dispostos a fazer. “Respeito a iniciativa delas. Isso ajuda a divulgar o esporte”, afirma Márcia Mizushima, capitã da equipe brasileira de softbol que participou dos Jogos Pan-Americanos. Márcia e suas companheiras fizeram um ensaio insinuante, porém diz que nunca tiraria a roupa completamente. “Talvez fizesse poses mais sensuais, mas não ficaria pelada.”

A primeira iniciativa do gênero foi a sessão de fotos que as jogadoras de futebol da Austrália, as chamadas “Matildas”, fizeram em 1999, pouco antes da Olimpíada de Sydney. O objetivo se repete em todos os casos: chamar a atenção para o esporte e conseguir patrocínio. Naquele ano, a revista Cosmopolitan também estampou a nudez dos atletas masculinos da Austrália, oriundos de várias modalidades.

O time do AD Torrejón lidera o campeonato espanhol, mas não consegue receita suficiente para sustentar suas atletas. Elas ganham apenas 150 euros (R$ 395) para jogar e precisam de outro emprego para se manter. Saray García, artilheira do time, disse à Interviu que as meninas fazem sacrifícios como pernoitar em hotéis modestos e treinar à noite para conseguir bom desempenho. Ela ironiza o destaque dado ao futebol masculino. “Nós é que somos fantásticas, não Henry, Messi, Eto’o ou Ronaldinho”. As iniciativas já garantiram às atletas uma grande visibilidade: elas foram notícia no planeta inteiro. Geralmente, a estratégia rende frutos. “Nós conseguimos que a Câmara de Vereadores de São Paulo instituísse o Dia do Softbol”, conta Márcia. Pela ousadia de ficar peladas, as jogadoras espanholas pretendem conquistar mais do que simples homenagens. Querem ter condições dignas de vestir a camisa de seus times sem que seja preciso tirar a roupa como protesto.