Uma inusitada mistura de futebol, vôlei e artes marciais começa a se espalhar pelas quadras de todo o Brasil. É o sepaktakraw – também apelidado de takraw –, esporte que surgiu há mais de 500 anos no sudeste da Ásia. O nome é difícil de ser pronunciado, mas a prática pegou. Já existe uma seleção brasileira, que tem se destacado em competições internacionais, e o jogo vem sendo disputado em quadras do Sesc de São Paulo, em escolas de Pernambuco e em parques e praças de várias cidades. No novo esporte, as partidas envolvem equipes de três jogadores que parecem voar para chutar a bola de rattan (uma espécie de bambu) a mais de 100 quilômetros por hora. Há uma rede no meio do campo separando os times. “As grandes diferenças em relação ao futevôlei são os golpes de artes marciais e os bloqueios no ar”, explica o presidente da Associação Brasileira de Takraw, Hilário da Cunha. No idioma malaio sepak quer dizer chute e takraw significa bambu.

Os filiados à associação são pouco mais de 300, mas os praticantes amadores são bem mais numerosos. Integrante da seleção brasileira que recentemente fez jogos de exibição na França, Siderlei Lopes organiza partidas de sepaktakraw em lugares públicos, como o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Funcionário da Fundação Casa (antiga Febem), ele também levou o esporte aos menores infratores. “Eles se beneficiam da calma e da meditação necessárias para fazer bem as jogadas”, diz Lopes. Outro lugar onde há muitos praticantes é Olinda, em Pernambuco. “O esporte exige excelente preparo físico e elasticidade, não é qualquer pessoa que encara”, admite o pernambucano Kleiton Pacheco, atleta da seleção brasileira que também é capoeirista e praticante de futevôlei.

Se nem todos têm condições de jogar, é raro que algum espectador não se impressione com os malabarismos. Para chamar ainda mais a atenção, uma novidade está a caminho: partidas disputadas na praia – em geral o esporte ocorre na grama. É o beach takraw, que terá seu primeiro campeonato nacional em 2008, no Rio de Janeiro. “O jogo tem tudo para cair no gosto do brasileiro”, diz Pacheco. Existe outro motivo para que isso se transforme em realidade. Os brasileiros, mesmo novatos, já provaram que têm talento para a modalidade: foram campeões mundiais em 2000 e em 2003.