Assim como aconteceu à época da inauguração da Torre Eiffel, em 1889 – hoje um dos mais famosos cartões-postais do planeta –, um novo edifício em Paris não está sendo bem recebido pelos moradores da Cidade Luz nem por críticos de arquitetura. Em meio ao verde sereno dos gramados do Parque Bois de Boulogne, na zona oeste da capital francesa, uma silhueta de vidro e metal, que se assemelha a um barco à vela desordenado, ergue-se 50 metros acima do solo e pode ser vista a quilômetros de distância. O impressionante edifício, construído para abrigar a Fundação Louis Vuitton – museu que exibe a coleção de arte do magnata Bernard Arnault, dono do grupo LVMH e atual homem mais rico da França –, tem a assinatura do polêmico arquiteto canadense Frank Gehry e já gerou dezenas de críticas desde a sua inauguração, em 27 de outubro.

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FARAÔNICO
Com mais de 11 mil m2 de área e 50 m de altura, o novo edifício foi
erguido ao custo de R$ 355 milhões

A principal queixa ao novo projeto de Gehry diz respeito ao tamanho faraônico da obra, com 11 mil m2 de área, e a seu custo, estimado em R$ 355 milhões – valor equivalente a um terço do orçamento anual da maioria das cidades médias brasileiras. Os cidadãos parisienses também reclamam do fato de o prédio ter sido erguido em uma área pública protegida pelo plano diretor de Paris, que proibia edificações com mais de um andar no local. Antes de a construção ser aprovada, uma campanha contrária organizada por moradores da região conseguiu barrar o projeto nos tribunais. A Assembleia Nacional, entretanto, definiu o edifício como uma “obra de arte para o mundo todo” e liberou sua construção.

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EXTRAVAGANTE
Aos 85 anos, Gehry continua sendo um dos maiores expoentes da
chamada "arquitetura do espetáculo", considerada ultrapassada

O valor arquitetônico das obras de Gehry, porém, tem sido cada vez mais questionado por especialistas da área. Segundo Enio Moro Júnior, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo, a nova obra do mestre canadense pode ser interpretada como o réquiem da chamada “arquitetura do espetáculo”, em que forma e escultura se sobrepõem à função e à utilização. “O novo caminho da arquitetura aponta para a volta do acolhimento e de projetos menos extravagantes”, diz Moro Júnior.

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Fotos: BERTRAND GUAY/AFP/Getty Images; Benoit Tessier/REUTERS 


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