Em um casebre empoleirado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, vivem os seis filhos do assistente de pedreiro Amarildo Dias, que desapareceu aos 47 anos, em julho do ano passado, após entrar em um carro da polícia. O caso foi investigado e os policiais que foram acusados de torturar e matar Amarildo aguardam julgamento. Hoje, os três filhos menores – Milena, 7 anos; Alisson, 11; e Ana Beatriz, 14 – podem também ter de se afastar da mãe, Elizabete Gomes, 47 anos, que passou a ser investigada pela 11ª. Delegacia de Polícia Civil por abandono de incapaz. Bete, como é conhecida, sumiu em julho deste ano, exatamente no aniversário de morte de seu marido, e foi encontrada dez dias depois, com o então namorado, desconhecido da família, em Barra de São João, litoral norte do Rio. Foi o filho mais velho, Anderson, 23 anos, que registrou o desaparecimento na delegacia. “Ficamos desesperados, procuramos até no necrotério”, disse à ISTOÉ. De acordo com o delegado responsável, Gabriel Ferrando, as investigações estão em fase de conclusão. A pior acusação à diarista desempregada, que atualmente se dedica a compromissos em prol da busca do corpo de seu marido, é sobre o uso de drogas e álcool. Ela nega, mas outras pessoas ouvidas por ISTOÉ confirmam a dependência química.

IEpag72_Amarildo.jpg

São os parentes da família de Amarildo que tomam conta das crianças. Toda a família de Bete mora em Natal, Rio Grande do Norte. “Os mais velhos já são adultos e a avó mora aqui em frente. Eles passam mais tempo lá do que aqui”, explica a viúva de Amarildo. Sobrinha de Bete, Michele Lacerda, 27 anos, não encobre o complicado histórico da tia. Ela afirma que a viúva já foi dependente química, e que Amarildo a tirou das drogas, mas, “depois dos problemas do sumiço do meu tio, ela teve recaída”. Bete nega, diz que nem sequer consome álcool. Nascida em Natal, deixou para trás duas filhas, criadas por sua mãe. Michele só pensa nos primos. “Estamos numa luta muito grande para não perder a guarda deles. Precisamos manter essas crianças porque foi a única coisa que sobrou do meu tio. Queremos preservar a união que essa família sempre teve.”

IEpag72_Amarildo2.jpg