Nos próximos dias, o ex-governador de São Paulo e candidato ao Senado por São Paulo, José Serra (PSDB), terá que depor na Justiça sobre a sua suposta participação no cartel de trens montado em São Paulo, entre 1998 e 2008, por empresas que atuam no setor de transporte sobre trilhos. O inquérito civil que apura o esquema estava arquivado há um mês, mas, na última semana, o procurador do Ministério Público, Sérgio Neves Coelho, ordenou que o processo fosse desengavetado. “Uma vez não esgotadas as diligências para apuração dos fatos, visto que pende colheita de prova testemunhal por parte da Polícia Federal, torna-se prematura a homologação de arquivamento”, disse Neves Coelho.

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NA MIRA DO MP
Para o Ministério Público, o caso que envolve José Serra
ainda não foi esclarecido

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No entendimento do procurador, José Serra e mais 44 pessoas precisam ser ouvidas pela Polícia Federal. Segundo ele, é preciso se certificar se o ex-governador atuou a favor de empresas multinacionais que participaram do esquema, conforme indicam e-mails e o testemunho do ex-diretor da Siemens Nelson Branco Marchetti em documentos em poder da Justiça e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Marchetti é um dos seis lenientes que assinaram o acordo com o Cade. Ele afirmou ter se reunido com Serra em 2008 durante uma feira na Holanda e que o ex-governador teria lhe dito à época que, caso a Siemens conseguisse na Justiça desclassificar a empresa espanhola CAF em uma licitação de compra de trens, ele cancelaria a concorrência, pois o preço da multinacional alemã era 15% maior.

O inquérito havia sido mandado para o arquivo pelo procurador-geral Márcio Elias Rosa em fevereiro deste ano. Com o arquivamento, o processo seguiu para o Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo para homologação. Mas o Conselho resolveu reabri-lo. Na sequência do relator, o procurador Paulo Sérgio de Oliveira e Costa pediu vista e interrompeu o julgamento. O ex-governador tucano alega que durante sua gestão não tomou conhecimento de qualquer cartel montado por empresas de transportes sobre trilhos. Muito menos que teria incentivado o conluio, pois sempre atuava, segundo ele, a favor do menor preço. A conferir o que dirá o desenrolar das investigações.