Dia 5 de julho de 1687, Isaac Newton publica sua obra-prima, “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”. Descreve as três leis do movimento e redefine a ciência, em especial a física. O notável é que as três Leis de Newton ajudam a compreender também a economia.
Primeira Lei do Movimento: um objeto continua em repouso, ou continua a se mover a uma velocidade constante, a menos que seja levado a mudar de estado por alguma força externa. Resumindo, objetos em movimento tendem a continuar em movimento e objetos parados tendem a continuar parados. Idem para a economia. Em países que crescem de forma sustentada e ritmo acelerado, a confiança dos empresários e consumidores no futuro é grande, o que os leva a investir e consumir muito, fazendo com que esses países continuem crescendo rapidamente. Já em países que, como o Brasil de hoje, crescem pouco ou nada, empresários e consumidores perdem a confiança e pisam no freio. Dilma tem razão quando diz que o pessimismo atrapalha o crescimento, mas esquece de dizer que o pessimismo foi inicialmente causado pelo crescimento pífio anterior.

Para a economia brasileira voltar a crescer velozmente e sustentar sua expansão, a desconfiança tem de passar. Para que a confiança volte, é necessário estimular a produção e não apenas o consumo, como tem acontecido aqui há mais de dez anos. Como? Reduzindo impostos, burocracia e intervencionismo estatal e aumentando investimentos em infraestrutura, educação e treinamento. Se o próximo governo fizer isso, os investimentos crescerão e com eles a geração de empregos, a confiança dos consumidores e as compras.

Segunda Lei de Newton: a mudança de movimento é proporcional à força externa. A economia funciona da mesma forma. O desempenho da economia brasileira será diretamente proporcional à força que a impulsionar. Quanto mais significativas as mudanças de política econômica, maior pode ser a recuperação.

Porém, segundo Newton, força é um vetor que corresponde à massa multiplicada pela aceleração. Em vetores há dois componentes: um de magnitude, outro de direção. Com a economia não é diferente. Não importa apenas se as mudanças são significativas, mas se levam à direção certa. Mudanças incoerentes, na melhor das hipóteses, anulam-se e a economia do país não sai do lugar. Na pior, fazem a economia encolher, como aconteceu no Brasil no primeiro semestre.

Terceira Lei de Newton: para toda ação há sempre uma reação igual e contrária. Trazendo para nossa realidade, mudanças que são boas para todo o país não são necessariamente boas para todos no país.

Os prejudicados farão o que puderem para evitá-las. Corruptos não querem que sequem suas fontes, burocratas não querem leis mais simples, beneficiários de programas de governo, sejam do Bolsa-Família, sejam de quotas educacionais ou de financiamentos subsidiados do BNDES, querem sempre mais recursos.

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Desmontar nosso Estado paternalista e ineficiente é um desafio hercúleo. Os benefícios de cada mudança são difusos, divididos por todos os brasileiros; as perdas são concentradas nos atuais beneficiários. Grandes mudanças, e particularmente as que precisam de aprovação no Congresso, só são possíveis quando um presidente recém-eleito toma posse, chancelado pelo apoio de dezenas de milhões de brasileiros.

Voltar a crescer bem é totalmente possível, mas, se o próximo governo não tomar as medidas necessárias já em seus primeiros meses de mandato, teremos de esperar mais quatro anos por outra chance.

Ricardo Amorim é economista, apresentador do programa “Manhattan Connection”, da Globonews, e presidente da Ricam Consultoria


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