Há 15 dias, o governador do Ceará, Cid Gomes, teve uma recaída de autoritarismo. Recorreu e conseguiu na Justiça de Fortaleza censurar a edição da revista ISTOÉ que circularia no fim de semana. A publicação dizia que Gomes estaria entre os políticos acusados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de participar de um esquema de corrupção na estatal. Graças a uma decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do STF, a liminar foi derrubada e aos leitores foi permitido o livre acesso à informação. Em sua última edição, a revista ISTOÉ fez uma cronologia dos encontros do governador do Ceará com Paulo Roberto Costa. Os fatos narrados e as imagens das reuniões expuseram a proximidade entre os dois. Na terça-feira 23, o governador resolveu adotar outra tática. Apelou a mentiras, acusando ISTOÉ de manipular as fotos publicadas. “Fizeram uma edição da foto. Cortam uma foto de uma reunião de 2008, na qual apareço junto a vários diretores da Petrobras e minha equipe, e me mostram ao lado do funcionário. Isso é brincadeira! Não tenho relação com esse senhor”, afirmou Gomes.

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UM NOVO ÂNGULO DA PROVA
Cid Gomes diz que a foto publicada por ISTOÉ na semana passada (acima) foi
“adulterada” para colocá-lo ao lado do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa. A foto maior que ilustra esta página retrata a mesma reunião
de 10 de junho de 2008: e eles seguem lado a lado

A revista ISTOÉ não manipula fotos. De maneira alguma. Como se pode ver na foto acima sob um novo ângulo, sem qualquer edição ou corte, o governador estava ao lado de Paulo Roberto Costa numa reunião ocorrida no dia 10 de junho de 2008, no Palácio de Iracema, destinada a tratar da construção da refinaria Premium II, no Ceará. Há outros diretores da Petrobras na imagem, mas em nenhum momento ISTOÉ afirmou que Cid Gomes estava sozinho com Costa no encontro. Diz o texto publicado na página 36: “Na imagem, Cid está sentado à cabeceira de uma ampla mesa de reuniões, tendo Costa imediatamente a seu lado”. E esse foi apenas o primeiro de pelo menos oito encontros entre Cid ou integrantes do governo do Ceará com Costa entre junho de 2008 e janeiro de 2014, dois meses antes de o ex-diretor da Petrobras ser preso. Cid Gomes, porém, prefere seguir na toada de inverdades. A negação, até o confronto com os fatos, é artifício comum aos políticos flagrados em malfeitos. Depois, as versões vão sendo refeitas e adaptadas, à medida que novas evidências vêm à tona. Cid Gomes já negou ter visto e se encontrado com o delator. Em seguida, refez a declaração, dizendo que as reuniões eram “apenas institucionais”, o que também não é verdade, já que encontros ocorreram mesmo depois de Paulo Roberto Costa ter deixado a Petrobras. As mentiras continuam.

O GOVERNADOR DO CEARÁ ADOTA O ROTEIRO TÍPICO DE
POLÍTICOS FLAGRADOS EM ATIVIDADES NADA REPUBLICANAS


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