Fala-se muito da qualidade de nosso Congresso. Atacados por muitos e defendidos por poucos, nossos parlamentares trabalharam bastante na última semana. No Senado, a batalha era pelo cargo de relator do PPA ou Avança Brasil, o projeto de Fernando Henrique Cardoso que propõe investimentos superiores a R$ 1 trilhão nos próximos quatro anos. A disputa entre o PMDB de Jader Barbalho e o PFL de Antônio Carlos Magalhães proporcionou uma ruidosa distribuição de impropérios de ambos os lados até o surpreendente desfecho desfavorável a ACM (pasme!, ele também perde). A hipocrisia dominou o grand finale e os vilipêndios deram lugar a mimos, abraços e elogios de fazer corar vereador paulistano.

Na Câmara dos Deputados, a sessão que determinou o fim da vida política do deputado Hildebrando Pascoal, do Estado do Acre, sem partido (ele já havia sido expelido do PFL), ofereceu uma esclarecedora numeralha. Coronel reformado da PM acriana, o agora ex-deputado estava sendo investigado há cinco meses pela CPI do Narcotráfico, acusado de chefiar um esquadrão da morte e traficar entorpecentes. Mais de 30 testemunhas disseram à CPI que ele foi o mandante de pelo menos 60 mortes com requintes de crueldade. Seu bando matou, estuprou, assaltou bancos e roubou carros. Um impressionante currículo que daria 7 a 0 em qualquer júri popular sério.

Em Brasília, temos 513 deputados, 394 deles votaram a favor da cassação, 41 não acharam graves as acusações e votaram contra, 7 votaram em branco, 25 se abstiveram e 46 não apareceram no plenário. Alívio! Muito bom que ele tenha sido cassado e por folgada maioria. Mas também é bom notar que 119 deputados, ou seja, mais de 20% dos nossos representantes gostariam, ou não se incomodariam, de ter entre eles o sr. Hildebrando Pascoal. Junto com esta edição, o leitor vai encontrar os endereços, os telefones, os fax e os e-mails de todos os nossos parlamentares. A cidadania tem deveres e direitos. E é dever e direito do cidadão exigir que seu congressista trabalhe bastante e bem. Ligue para eles.