No próximo 1º de outubro se comemora o dia internacional do idoso. Até o ano 2025, não será mais preciso uma data para se render homenagens aos mais velhos. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Sodexho – que pertence à multinacional de mesmo nome que atua no segmento de refeições e serviços –, os idosos (gente com mais de 65 anos) vão substituir os jovens no cenário mundial, sendo seus valores determinantes de comportamento, moda, cultura e na política. Na Europa e nos Estados Unidos já se fala em grey power (o poder dos grisalhos), que aqui foi traduzido como a idade do poder. A pesquisa realizada em 11 países, para medir a importância demográfica, econômica e social da população idosa e suas necessidades e expectativas apontou mudanças importantes nas últimas décadas e prevê evoluções surpreendentes, até o ano 2.025. Por aqui, o número total de idosos vai crescer 156% até 2025, e sua representação na populaçatilde;o vai passar de 5% para 19%. Somos a nação em que essa faixa etária cresce mais rapidamente. Nossa expectativa de vida vai pular dos 66,7 anos para 90,8 anos em 2025. Hoje são 101 milhões de idosos no mundo acima de 65 anos, 12,5% da população. Em 2025 serão 168 milhões, 18,7% do total. Os 11 países pesquisados – Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Itália, Holanda, Reino Unido e Suécia – acumulam 55% do PIB do planeta e os idosos já representam 5,3% do poder econômico. Nos Estados Unidos, por exemplo, 72% dos passageiros de cruzeiros de luxo têm mais de 50 anos. No Brasil, 37% dos idosos com mais de 60 anos ajudam financeiramente seus filhos e netos.

Up grade – Todos esses dados revelam um up grade na qualidade de vida dos idosos. Essa melhora considerável está relacionada a vários fatores. Como o fato de eles terem maior indepêndencia econômica. Outros são subjetivos como a própria motivação e o receio da imagem social, já que precisam ter claro o que é possível e aceitável fazer. Como revelam os indicadores, a vida de indivíduos dessa faixa melhorou nos últimos 30 anos. “Em 1970, não se falava em idosos, mas em velhos”, aponta a pesquisa. O aparecimento do termo “terceira idade”, nos anos 80, indicou o reconhecimento da velhice como uma das etapas da vida e não mais uma ante-sala da morte. Nos anos 90, o crescimento demográfico produzido pelos avanços da ciência fez os idosos reivindicarem melhor qualidade de vida, por meio de condições para compensar sua fragilidade e levar uma vida normal e autônoma. A previsão do Instituto Sodexho é que na próxima década a ex-velhice vai ser chamada de “idade do poder”.
No Brasil, com uma vida profissional mais longa, já que a aposentadoria só será conseguida com uma idade mais avançada, a renda dos idosos será limitada, mas crescerá até 2025, pelo levantamento da pesquisa. Estar em sua própria casa, como acontece hoje com 83% dos idosos dos 11 países pesquisados, continuará sendo a situação predominante, mas os idosos que vivem com suas famílias vão passar a morar, em maior número, em hotéis e residências com serviços. Trata-se de uma mudança importante. Agora eles querem ser tratados como clientes e não como doentes. No Brasil e na Espanha, a família continua a ser um apoio até por uma questão cultural, um modelo bem diferente dos canadenses e belgas, por exemplo, que compensam o distanciamento dos parentes recorrendo a entidades assistenciais.

Independência – Para quem quer estar antenado com essa nova força, vai precisar ter em mente alguns conceitos. A pesquisa mostra que, mais do que nunca, os idosos têm um forte senso de independência que querem ver respeitado. Eles desejam ser autônomos. Precisam, portanto, de produtos e serviços que atendam as suas necessidades específicas. A assistência médica e social não pode transformá-los em bebês, nem expô-los a situações humilhantes. Por sua nova disposição e novo papel na sociedade, eles necessitam estar integrados às várias faixas etárias, convivendo em pé de igualdade com jovens, por exemplo. Eles também querem se sentir atraentes e com direitos ao lazer. E, por fim, eles buscam um novo espaço de influência, com o reconhecimento de suas experiências e do saber acumulado. O desprezo e a rejeição nunca mais.

Quantos são
Representação dos indivíduos com mais de 65 anos no total da população (em %)
País19992025
Itália17,926,3
Alemanha16,125,7
Bélgica16,925,0
França16,023,7
Holanda13,623,5
Espanha16,623,1
Suécia17,322,7
Grã-Bretanha15,721,1
Canadá12,520,6
EUA12,618,5
BRASIL5,219,0