Há 20 anos, criaram o PC e o colocaram sobre as mesas. Há dez, reduziram seu tamanho, criando o notebook. Em 1996, já cabia na palma da mão, na forma de computador de bolso. O próximo passo, parece, será uma versão com tevê para ser carregada debaixo do braço. A Nokia, maior fabricante mundial de celulares, apresentou há dez dias em Berlim um aparelho chamado MediaScreen. Com as dimensões de uma pasta, é um monitor portátil de tela plana para acessar a Internet, usar correio eletrônico e assistir televisão com qualidade digital. Não precisa de mais nada. Afinal, juntar tevê e Internet no mesmo aparelho e poder levá-lo para qualquer lugar tem o potencial de revolucionar a indústria eletrônica. Mas só de potencial não se constrói um mercado. Haja vista a idéia dos celulares mundiais, que cativou a mente dos consumidores, mas não os seus bolsos, dado o alto custo das ligações e dos aparelhos. O resultado foi a concordata da Iridium. É por essas e outras que a Web-TV é ainda apenas um projeto para a Nokia. O intuito da empresa finlandesa é checar a reação dos futuros consumidores dessa belezinha.

Mais confiante nesse futuro é a National Semiconductor, fabricante de chips para PC que decidiu apostar suas fichas no conceito WebPAD. Co-mo o próprio nome diz, é uma prancheta para acessar a Web (mas não a tevê). Seu monitor de 10 polegadas, sensível ao toque, recebe os sinais da Internet transmitidos desde uma base de rádio conectada à linha telefônica. Como o alcance do sinal é de 150 metros e este atravessa paredes, o Web-PAD pode ser usado dentro dos diversos cômodos de casas e escritórios. Tudo isso funciona a partir de um chip especial cria-do pela National. É essa pastilha de silício recheada de circuitos que a empresa quer comercializar.

Travesti – Outras empresas que apostam no mesmo conceito são a japonesa Hitachi e a americana Qubit. A Hitachi é a única que já tem um modelo à venda nos EUA. Custa US$ 1.299. É muito salgado para uma web-prancheta. E a razão é que não passa de um notebook travestido. Ao contrário do produto da Qubit, que chega às lojas até o fim do ano por cerca de US$ 500 e é uma autêntica prancheta de Internet. Tem até base de rádio no telefone e tudo.

A idéia das pranchetas é tão inspiradora que até a Microsoft aderiu. Claro, logo ele, Bill Gates, não poderia deixar passar isso em branco. Em março, a gigante do software de Seattle contratou dois gênios veteranos da computação chamados Butler Lampson, 55 anos, e Chuck Thacker, 56. Eles deram adeus à ensolarada Califórnia e despacharam suas malas para a garoenta Seattle com um única missão: criar este já bastante disputado computador-prancheta.