Às vésperas do aniversário de 41 anos do golpe militar que depôs o socialista Salvador Allende e colocou Augusto Pinochet no poder, o Chile viu a agenda pública mudar o foco da reforma educacional para a segurança do país. Na segunda-feira 8, uma bomba caseira explodiu na estação de metrô Escola Militar, de Santiago, em pleno horário de almoço, deixando 14 pessoas feridas, duas delas gravemente. “Isso é claramente um ato terrorista”, disse a presidenta Michelle Bachelet. Na mesma semana, seu governo acelerou o processo de revisão da lei antiterrorismo para dar um tratamento mais duro aos autores. Dois jovens foram registrados pelas câmeras de segurança colocando os explosivos num cesto de lixo e fugindo em seguida. Até a quinta-feira 11, os suspeitos ainda não haviam sido identificados.

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A principal desconfiança recai sobre grupos anarquistas. Eles teriam sido responsáveis pela metade dos quase 200 atentados que ocorreram no Chile desde o ataque a um supermercado, em 2005. Segundo a polícia, de 11 indivíduos processados, apenas dois foram condenados e um está preso. O padrão dos ataques inclui explosões durante a madrugada em locais pouco movimentados, como agências bancárias e igrejas – diferentemente do que aconteceu no atentado ao metrô da semana passada. De acordo com as autoridades chilenas, os artefatos são fabricados de forma artesanal, com extintores, pólvora negra e relógio. Na terça-feira 9, foi a vez de uma nova bomba explodir num supermercado em Viña Del Mar, a cerca de 120 quilômetros da capital, onde uma mulher ficou ferida.

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No dia seguinte, representantes de todos os partidos políticos reconheceram a crescente ameaça à segurança e se reuniram com Bachelet para demonstrar apoio na luta contra o terrorismo doméstico. O tema é especialmente espinhoso para a presidenta, porque a legislação antiterror foi criada durante a ditadura militar para combater os opositores do regime, entre os quais Bachelet se incluía. Durante a campanha eleitoral do ano passado, ela disse que dispensaria o mecanismo para lidar com o conflito indígena mapuche. Agora se vê obrigada a fortalecê-lo, ainda que o inimigo seja desconhecido.

Fotos: SERGIO PINA/AFP PHOTO; Sebastián Silva/EFE 

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