Até o dia 13 de agosto, o senador e candidato do PTB ao governo de Pernambuco, Armando Monteiro, considerava a corrida pelo Palácio das Princesas como favas contadas. O otimismo de Monteiro estava calcado em pesquisas eleitorais que pontuavam seu nome como o preferido de 47% dos eleitores. Seu principal adversário, Paulo Câmara (PSB), amargava um segundo lugar distante, com 13% das intenções. Mas uma variável, totalmente escapável às projeções de marqueteiros e cientistas políticos, revirou o cenário eleitoral. A tragédia que tirou a vida de Eduardo Campos transformou o ex-governador em um imbatível cabo eleitoral. Movidos pela comoção, os eleitores pernambucanos migraram em massa para as campanhas dos candidatos que recebiam o apoio de Campos. Em três semanas, Paulo Câmara cresceu 23 pontos percentuais na sondagem de votos e passou da condição de azarão a favorito. Ele e Monteiro estão empatados com 36%, de acordo com a pesquisa do Datafolha. O candidato do PSB ao Senado, Fernando Bezerra, também melhorou seu desempenho e subiu oito pontos na pesquisa.

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ASCENSÃO METEÓRICA
Paulo Câmara, em três semanas, transformou-se no mais cotado para vencer a eleição

Os aliados de Campos conseguiram agregar em forma de intenção de voto o sentimento de preservação do legado do ex-governador cultivado desde a morte de Campos. Derrames de imagens em santinhos, camisetas, faixas e cartazes transformam o falecido líder do PSB na figura mais presente da campanha. A dor da morte é sinalizada pelas fitas pretas de luto que estrategicamente compõem as ilustrações. Até mesmo os adversários tentam lembrar em suas propagandas o histórico de aproximação com o ex-governador. Mas o PSB recorreu à Justiça para impedir a citação do nome ou utilização da imagem do político morto no dia 13 de agosto por qualquer candidato que não seja do PSB. A campanha de Monteiro, porém, conseguiu uma liminar para continuar usando as referências ao adversário morto. “Eles criaram uma espécie de 11º mandamento. A bíblia proíbe falar o nome de Deus em vão, mas aqui querem proibir de falar o nome de Eduardo Campos. Isso é censura prévia”, protestou o advogado do PTB, Walber Agra.

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Foto: Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco