Assista ao trailer do filme "Onde Vivem os Monstros":

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Galeria da imagens do filme

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FANTASIA REALISTA
O personagem Max (vivido por Max Records) e o ogro Carol no filme de Spike Jonze: locações reais na Austrália e efeitos digitais apenas nos rostos dos monstros
 

A infantilização do cinema americano não vem de hoje. Ela era a fórmula mágica usada por Walt Disney que criava filmes para plateias dos “8 aos 80”. Foi utilizada também por cineastas como Steven Spielberg e George Lucas, que conseguiram levar o público de volta às salas de exibição nos anos 1980. Agora, essa receita se traduz na aposta dos estúdios em produções cada vez mais ricas em efeitos especiais, mas desprovidas daquilo que o gênero deveria ter de melhor – a imaginação. Nesse cenário, deve ser visto como uma reação positiva o fato de alguns dos mais criativos diretores dos EUA resolverem se dedicar ao filme infantil subvertendo tanto a receita água-com-açúcar quanto aquela meramente tecnológica. Em alguns casos, como “O Fantástico Sr. Raposo”, a criança fica a ver navios. Mas “Os Fantasmas de Scrooge” e agora o surpreendente “Onde Vivem os Monstros”, de Spike Jonze (em cartaz no País na sexta-feira 15), satisfazem pais e filhos – em níveis diferentes. Espera-se ainda a chegada às telas de “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton, previsto para abril. Baseado no livro homônimo de Maurice Sendak, que um adulto lê em cinco minutos, o filme de Jonze está longe dos quebra-cabeças que ele propôs à plateia em trabalhos anteriores.

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AMIZADE
Max, um menino de 8 anos, torna-se o rei dos ogros e comanda a bagunça geral

Agora Jonze opta por uma narrativa linear, que se enquadra na clássica aventura sobre crianças solitárias que se refugiam em um mundo imaginário. Sempre enfiado numa fantasia de lobo, o protagonista Max (vivido por Max Records, na época com 8 anos) tem uma irmã que não lhe faz companhia. Quase não recebe atenção da mãe separada, envolvida o tempo todo com o trabalho. No dia em que ela recebe em casa um novo namorado, Max vira uma fera de verdade. A mãe o chama de monstro e decide puni-lo. É quando ele foge para o “mundo dos monstros” de sua imaginação, uma comunidade de ogros que não primam pela sociabilidade. Como as crianças levadas, eles destroem o que veem em volta. Jonze trata esse material com a mesma inteligência do garoto, um hábil criador de ficções. Parte do princípio freudiano de que as crianças podem ser agressivas, mas faz isso sem imprimir uma visão muito complexa ao enredo. Na sua adaptação da fábula, decidiu manter os personagens como eram no original: bichos de pelúcia de traços simples e desproporcionais. Poderia ter feito tudo em computação gráfica, porém recusou esse recurso. Teve US$ 75 milhões para dar vida às gigantescas criaturas com as quais Max convive, mas preferiu cenários reais filmados na Austrália, abrindo mão da animação 100% digital.

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INSPIRAÇÃO
O filme tem como ponto de partida o pequeno livro de Maurice Sendak

A técnica só foi usada nas expressões faciais dos bonecos, produzidos pela Jim Henson Company, dos Muppets. A interação do garoto com os monstros é perfeita. A Warner Bross, distribuidora do filme, não gostou do resultado e adiou o lançamento. Nesse período, tentou mudar o tom sombrio e ameaçador da trama, que reflete, afinal, a solidão do garoto – seu professor de ciências aumenta seus temores ao dar uma aula sobre a futura morte do sol e as consequências do aquecimento global. O autor Maurice Sendak, hoje com 81 anos, saiu em defesa de Jonze, que pôde, assim, manter a obra íntegra, depois de alguns ajustes na edição.  Crianças e adultos agradecem.

 

QUEM É SPIKE JONZE

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A geração MTV é familiarizada com o nome de Spike Jonze (foto). Ele dirigiu ótimos videoclipes para Björk, Daft Punk, REM e Beastie Boys e acabou atraindo um público fácil para seus filmes. O mais famoso, “Quero Ser John Malkovitch”, mostra um homem que entra na cabeça do ator americano. Graças ao sucesso, concorreu ao Oscar de melhor diretor. Com “Onde Vivem os Monstros”, Jonze começa a sentir o gosto do reconhecimento popular: só nos EUA o filme já faturou mais de US$ 75 milhões. A trilha sonora, composta por Karen Orzolek, da banda Yeah Yeah Yeahs, sua namorada na época, concorre ao Globo de Ouro no domingo 17.