A imagem de mulher fatal, quase vulgar, de Ana Carolina de Oliveira, ex-condessa Carola Scarpa, parece truque de fotografia. Pessoalmente, ela é meiga, simpática e aparenta bem menos que seus 29 anos. Ao longo da conversa, Carola vai mudando de personalidade, como se representasse uma ficção. Um de seus personagens protagonizou o casamento e a separação escandalosa com o playboy Chiquinho Scarpa, 48 anos. Carola ficou famosa ao acusar o ex-marido de gay e jurar tê-lo flagrado com dois homens na cama. A separação litigiosa durou mais de um ano e Carola conta que saiu da briga tendo de desembolsar R$ 5 mil para se livrar de Chiquinho. No momento, ela vive no pequeno apartamento da mãe, nos Jardins, um dos mais requintados bairros de São Paulo. Sem trabalho fixo, conta com o apoio dos pais. Depois da fama que angariou com a desilusão amorosa, descobriu que seu destino é a política. A loira disputa a pré-candidatura para concorrer à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB. Ela diz ter sido convidada pelo partido. O presidente do diretório municipal, Milton Leite, desmente. Segundo ele, a moça protocolou por livre iniciativa um pedido para seu nome ser apreciado pelos peemedebistas. No partido comenta-se que há pouca chance de ser escolhida, diante de um currículo no mínimo sem militância. Mas como uma verdadeira Carola, acredita piamente que ganhará não só a vaga como a eleição.

ISTOÉ – Você se acha preparada para se tornar prefeita de São Paulo?
Carola
– Estudei marketing em Nova York. Cursei também Comunicação e Publicidade. Não terminei nenhuma das faculdades, mas tenho muita bagagem de vida. Graças à minha experiência, encontrei a minha missão. Quero fazer coisas boas. Chega de contos de fadas. O complexo de cinderela me custou muito caro.

ISTOÉ – E como foi seu conto de fadas com Chiquinho?
Carola
– Nossa primeira relação, no dia do noivado, foi péssima. Ele dizia que era tensão pré-nupcial. Eu achava que era a diferença de idade. Sempre arranjei uma desculpa para o comportamento dele. Se ele não me levava para a cama, era por respeito, porque queria me guardar para o casamento, como se eu fosse virgem… Depois do casamento, foi um choque. Quase nunca transávamos. Descobri que havia cometido um grande erro. Chiquinho criou um personagem e acredita nele.

ISTOÉ – Por que você esperou pegá-lo em flagrante para pedir a separação?
Carola
– Ele não queria a separação. Ameaçava sujar a minha imagem. Ao mesmo tempo, eu queria salvar o casamento. Tentei voltar a trabalhar como modelo e ele impedia de todas as formas. Fiquei deprimida, emagreci muito. Vivi um inferno. Desmistificar Chiquinho Scarpa era a única maneira de sair fora.

ISTOÉ – O resultado desse desabafo foi como imaginou?
Carola
– Chiquinho mostrou-se um tremendo mau-caráter. Mas a experiência valeu. O povo, em sua sabedoria inconsciente, ficou do meu lado e me ama. Quando fui despejada do apartamento em que morávamos, gente desconhecida me ofereceu até casa para me hospedar. Foi por aí que tive a idéia de abraçar a política?

ISTOÉ – Qual o seu programa de governo?
Carola
– Quero acabar com a corrupção. Vou tentar limpar essa sujeira. Tenho propostas novas, ousadas. Fui aceita no partido por ser uma mulher jovem, bonita, famosa e com propostas inovadoras. Sou uma mulher revolucionária.

ISTOÉ – Detalhe um pouco suas propostas.
Carola
– Primeiro, é preciso reestruturar o orçamento. Quero uma equipe econômica eficiente para viabilizar um orçamento voltado para os ideais do povo. Também é preciso criar secretarias para engordar o caixa e não deixar os mecanismos da corrupção desviarem o dinheiro.

ISTOÉ – Como você pensa em enfrentar o problema da violência?
Carola
– Existe a violência gerada pelo desemprego, a que o cara sai roubando por puro desespero. E a violência dos marginais por natureza. A diferença é grande e cada um deve ter uma punição justa.

ISTOÉ – Você é a favor da pena de morte?
Carola
– Não. O Brasil não está preparado para algo tão radical. Nem os Estados Unidos. Aqui não só os pobres e negros podem ser julgados injustamente, como muitos políticos podem usar esse recurso contra seus adversários.

ISTOÉ – Como é o seu dia-a-dia na política?
Carola
– Durante o dia visito bairros pobres, faço a minha campanha e sou muito bem-recebida. Eu amo o povo. Tenho um ego equilibrado, passo para o povo essa minha busca de uma nova consciência. É a minha verdadeira missão aqui na Terra.

ISTOÉ – A fama, nesse caso, é bem positiva, não é?
Carola
– Foi a única coisa boa que sobrou da minha união com aquela pessoa. Fiquei mais famosa por causa da separação do que pelo casamento. Agora quero usar essa fama para o bem.