O rápido processo de industrialização pelo qual o mundo vem passando nos últimos dois séculos tem cobrado um pesado preço ao planeta. Os problemas ambientais se acumulam e já é possível sentir os efeitos concretos do novo ciclo de aquecimento global causado por reflexo das ações humanas. Apesar de as maiores preocupações estarem ligadas aos gases que provocam o efeito estufa, um número crescente de pesquisadores ambientais começa a se debruçar sobre os efeitos dessa industrialização nos oceanos. Além da redução da população marinha e de áreas cada vez mais degradadas pela poluição, os cientistas dizem que os mares do planeta estão sendo contaminados por uma substância letal, altamente tóxica e de difícil dispersão na natureza: o mercúrio.

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Um estudo publicado neste mês na influente revista inglesa “Nature”, a bíblia das publicações científicas no mundo, mostra que o volume de concentração de mercúrio em águas “rasas” – até 100 metros de profundidade – dos oceanos cresceu quase 400% no último século e meio. Hoje, afirma a pesquisa desenvolvida pelo Woods Hole Oceanographic Institution, um centro de pesquisas marinhas com sede nos Estados Unidos, cerca de 80 mil toneladas de mercúrio estão depositadas nos mares do planeta.

Esse foi o primeiro cálculo direto sobre o montante de poluição por mercúrio nos oceanos e teve como base dados colhidos por 12 embarcações ao longo de oito anos. “O estudo fornece uma medição baseada em dados, e não em estimativas”, afirma o químico marinho que liderou a pesquisa, Carl Lamborg.

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FONTE
A poluição industrial e a queima de combustíveis fósseis são os principais
responsáveis pela contaminação dos oceanos por mercúrio

As principais fontes de poluição de águas por mercúrio são em resíduos industriais, esgoto urbano e atividades mineradoras. Mas a queima de combustíveis fósseis, especialmente o carvão, também libera o elemento na atmosfera, que em contato com as águas das chuvas, acaba nos oceanos. Em águas salgadas, o mercúrio é incorporado, por meio de uma reação química, ao organismo de algas, que alimentam pequenos crustáceos, que são a base alimentar de pequenos peixes, que por sua vez são comidos por peixes maiores, que são ingeridos pelos humanos, como o atum.

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O consumo constante de alimentos contaminados pode levar a uma contaminação crônica no corpo humano, sendo o Sistema Nervoso Central o mais atingido (ver quadro). “Com o aumento do acúmulo de mercúrio, a capacidade do oceano de absorver e diluir esse metal tende a diminuir”, diz a pesquisadora em oceanografia química da Universidade de São Paulo (USP) Elisabete de Santis Braga.

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