ISTOÉ enviou ao Paraguai o jornalista Delmar Marques para fazer uma reportagem sobre o chamado Arquivo do Terror, que é como ficaram conhecidas as quatro toneladas de papel burocrático produzidas pelas polícias de repressão das ditaduras do Cone Sul, duas décadas atrás. Aos 52 anos, Delmar é um conceituado jornalista que já trabalhou nos principais órgãos de imprensa do Brasil e conheceu de perto também as ditaduras da Argentina, do Chile e do Uruguai.

Na noite de quinta-feira 17, enquanto transmitia para a redação o que havia apurado para a reportagem sobre a Operação Condor, assinada por ele e Florência Costa e publicada na pág. 32, Delmar foi interrompido por estranhos ruídos que chegavam da rua. Desligou o telefone e chamou momentos depois, relatando que o barulho vinha de blindados que disparavam canhonaços contra o prédio do Congresso Nacional, em mais uma tentativa de golpe no país, a terceira em quatro anos. Delmar trabalhou durante a madrugada e a manhã de sexta-feira para produzir o texto que está publicado na pág. 94 desta edição. Mais uma vez, o acaso foi favorecido pelo empenho. Até porque, no jornalismo, assim como no futebol, tem mais chance de fazer gol quem está dentro da área.