A vida de Malika Oufkir pode ser comparada a um conto das Mil e uma noites que se transformou em tragédia shakespeariana. Esta bela marroquina de 45 anos é a filha mais velha do general Mohammed Oufkir, ex-homem-forte do Marrocos. Aos cinco, foi adotada pelo rei Mohammed V para fazer companhia à princesa Lalla Mina. Malika continuou morando no palácio depois da morte do rei e da ascensão de seu filho e herdeiro, Hassan II, que também a adotou. Durante 11 anos de jeunesse dorée, enquanto recebia uma refinada educação de preceptoras européias, Malika viajava de primeira classe, vestia-se com os melhores costureiros e frequentava o jet-set. Mas em 16 de agosto de 1972, aos 18 anos, o conto de fadas se transformou num pesadelo. O general Oufkir comandou uma fracassada operação para assassinar o rei Hassan II, acabou executado no palácio e dado como suicida. Em represália, toda a família Oufkir foi enviada para as fétidas prisões no deserto do Saara.
Eu, Malika Oufkir, prisioneira do rei (Companhia das Letras, 362 págs., R$ 29), escrito em parceria com Michèle Fitoussi, narra o martírio de 20 anos da família convivendo com ratos, escorpiões e tentativas de suicídio. A jornada só terminaria depois de uma fuga cinematográfica. “Meu pai verdadeiro havia tentado matar meu pai adotivo. E morrera por isso. Era uma tragédia. A minha.” Shakespeare explica.


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