O Parque da Cidade, em Brasília, voltou a integrar a rotina da atlética Patrícia Dantas, 35 anos, gerente de um banco estrangeiro na capital federal. Na esteira da gravidez do filho Ronan, 13 anos, Patrícia ficara com o rosto repleto de melasma, incômodas manchas escuras que surgem na pele e atormentam a vida de muitas mulheres. Para não aguçar o problema, Patrícia passou a evitar o sol. Com isso, também teve de abandonar suas corridas e pedaladas pelo parque. “Nos últimos anos, além de gastar uma fortuna em tratamentos, me privei de muitos prazeres, na esperança de acabar com aquelas manchas horrorosas”, lembra. “Médicos famosérrimos diziam que não tinha jeito, mas nunca desisti.” O esforço de Patrícia foi recompensado há dois meses, quando ela começou um tratamento com o Amelan, um produto à base de ácidos criado pelo cirurgião plástico Eduardo Krulig, de Caracas, na Venezuela. “As manchas diminuíram pelo menos 90% e, o mais importante, me sinto bela de novo”, diz.

Um dos pioneiros no uso do Amelan no Brasil, o dermatologista Erasmo Tokarski conta que conheceu o produto em um congresso internacional de medicina estética, há dois anos, e resolveu testá-lo. Desde então, já tratou de 150 pacientes, entre eles três homens. São raros os casos de homens atingidos pelo melasma. Decorrentes de uma alta concentração de pigmentos numa mesma área, as persistentes manchas atacam preferencialmente as mulheres, em especial na gravidez. O uso de anticoncepcionais e o abuso nos banhos de sol também provocam o problema, cujas causas não estão totalmente esclarecidas. “Nenhum outro tratamento faz efeito em um espaço de tempo tão curto quanto o Amelan, que leva em média 15 dias para tirar as manchas”, diz Tokarski. “Outra vantagem é que a pessoa pode se expor ao sol, desde que tome os cuidados habituais, como evitar o excesso”, explica. Nos tratamentos tradicionais, a maioria também à base de ácidos, os pacientes são proibidos de tomar sol.

Nas duas primeiras semanas de uso do Amelan, o médico aplica, no consultório, uma concentração que provoca uma descamação da pele, facilitando a etapa posterior, de clareamento das manchas. Em casa, o paciente usa o produto em forma de creme. “Para que as manchas não voltem, é fundamental fazer a manutenção com o creme, durante um ano”, afirma o dermatologista. Livre de suas manchas desde o mês passado, a secretária Ivana Abreu Medeiros Ribeiro, 37 anos, conta que o único inconveniente do Amelan é a tonalidade amarelada que a concentração aplicada no consultório dá ao rosto. “Quando lava, sai”, lembra Ivana. Mas, se alivia a face, o tratamento pode pesar no bolso. O pote do Amelan, que dura dois meses, custa em torno de R$ 440. “Compensa, pois as manchas somem, e muito rápido”, garante a secretária. “Há 14 anos vinha experimentando todo tipo de ácido e nada dava resultado”, conta. Por enquanto, o Amelan não é muito difundido no País. Essa situação, no entanto, já começou a mudar. Na virada do mês, por exemplo, o produto foi divulgado na Reunião Anual dos Dermatologistas Latino-americanos, em Foz do Iguaçu (PR).