A maior novidade prometida pelo Ministério da Educação (MEC) aos jovens que tentarão uma vaga no ensino superior nos próximos meses é a consolidação do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, como melhor alternativa ao temido vestibular. As provas deste ano, que serão feitas no dia 26 de agosto por mais de um milhão de alunos do terceiro ano do ensino médio em todo o País, vão abrir caminho também para algumas das mais importantes universidades públicas do País, além das centenas de faculdades privadas que já trabalham com os resultados das avaliações. A Unicamp, a PUC-RJ, a PUC-SP e as federais do Ceará, de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Viçosa (MG) e Santa Catarina, entre outras, estão aceitando o resultado obtido pelos alunos no Enem para dar vagas diretamente ou somar as notas do teste aos índices do vestibular. Agora, um bom resultado no Enem pode ser ótimo negócio para quem sonha com uma boa universidade.

A PUC do Rio de Janeiro partiu na frente. A universidade destina 30% das vagas, sem a exigência de vestibular, para os alunos que conseguirem nota sete ou mais no Enem. “A valorização do exame, que este ano contará com pelo menos três vezes mais alunos inscritos do que no ano passado, é um trunfo que os estudantes terão daqui para a frente no rumo da universidade”, afirma o ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Ele considera que o aumento do número de inscritos comprova a importância que o Enem adquiriu e descarta a possibilidade de o exame se transformar em um novo vestibular. “A metodologia que orienta as duas provas é totalmente diferente. O Enem faz um diagnóstico do conhecimento dos alunos e também da qualidade do ensino que lhes foi ministrado”, afirma Paulo Renato.

O exame passou a ser gratuito para os alunos da rede pública de ensino. “Nada menos que 88% dos estudantes do ensino médio são de escolas públicas. A taxa foi abolida na rede pública para estimular todos os alunos a fazer o exame”, afirma a secretária nacional de ensino superior do MEC, Maria Helena Guimarães. Além do exame fortalecido, os vestibulandos de 2001 e 2002 terão mais opções com os cursos superiores aprovados pelo MEC nos últimos meses e também com os que deverão ser habilitados até o início de 2002.

Outra mudança é a aprovação das diretrizes curriculares pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Entre as alterações está a exigência de apresentação de monografia pelos alunos de direito como condição imprescindível à obtenção do diploma. O objetivo é conseguir que os futuros advogados e magistrados tenham domínio da língua portuguesa. Outra medida que está apenas aguardando a palavra final do CNE é a exigência de duas línguas estrangeiras (inglês e espanhol, principalmente), para os estudantes de administração. Maria Helena explica que o objetivo é fazer com que os futuros profissionais tenham uma visão integrada do mundo. “Não há mais o currículo mínimo obrigatório. Mas isso não quer dizer que os profissionais, sejam da área de ciências humanas ou exatas, possam abrir mão de formação acadêmica e profissional de qualidade”, diz a secretária. A nova proposta pedagógica estabelecida pelas diretrizes curriculares vai alterar também alguns métodos de formação de professores. “O objetivo é conseguir uma interação entre teoria e prática nesta preparação”, revela Maria Helena. Na proposta do governo ao CNE, consta, por exemplo, a criação de uma espécie de residência para os professores, semelhante à dos médicos, que deverá ser feita obrigatoriamente no primeiro ano de formado. Os novos professores terão de fazer a residência em escolas selecionadas, buscando o aperfeiçoamento de sua formação e das técnicas de ensino, além de uma integração entre as áreas de conhecimento.