Um dos escritores mais reclusos do planeta, o americano J. D. Salinger ficou famoso desde a publicação, em 1951, de O apanhador no campo de centeio, que narra a descoberta do mundo adulto pelo garoto Holden Caulfield. Tanto o assassino de John Lennon quanto o maluco que atirou no então presidente Ronald Reagan, em 1981, carregavam exemplares do romance, o que lhe conferiu uma aura de transgressão. O culto em torno da obra foi tamanho que depois dele Salinger se limitou a escrever 35 histórias curtas, publicadas na revista americana New Yorker. Seis delas giram em torno da família Glass, caso de Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira e Seymour: uma apresentação (Companhia das Letras, 184 págs., R$ 23), publicadas em 1955 e 1959, respectivamente. O livro com essas duas histórias é considerado o melhor trabalho do escritor.

Ambas são narradas por Buddy, o segundo dos sete irmãos Glass, e falam de Seymour, o primogênito que se suicidaria em 1946, quatro anos após seu casamento. A primeira conta as peripécias de Buddy durante o tal casamento, a cuja cerimônia o irmão mais velho não compareceu, fugindo com a noiva ao final. A segunda, além de incensar a figura de Seymour, é uma espécie de profissão de fé de Salinger, 82 anos, abrindo espaço para as influências da juventude, como o escritor Franz Kafka e o filósofo Soren Kierkegaard.


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