O novo alvo dos oncologistas contra o câncer é investir em campanhas para a descoberta precoce dos tumores. Só que desta vez os especialistas querem atingir tanto o público leigo como os médicos. “Cerca de 60% dos pacientes que chegam ao hospital passaram por outros médicos, mas continuam sem diagnóstico. Precisamos reverter essa situação. Tumores detectados no início têm índices de cura em torno de 90%”, afirma Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer, em São Paulo. Na semana passada, o hospital lançou um programa de parcerias para levantar R$ 5 milhões, destinados à ampliação do atendimento no hospital, às ações antitabagismo, contra o câncer de pele e tumores de útero. Já aderiram a Telefônica e o Citibank.

Outro recurso para aumentar a detecção precoce foi apresentado na semana passada, em São Paulo. Trata-se da mamotomia, exame diagnóstico acompanhado de uma incisão na mama para retirar nódulos. O corte é tão pequeno que dispensa pontos. A técnica foi criada há um ano pelo americano Steve Parker, do Breast Diagnostic and Counseling, de Denver, onde a técnica substituiu as cirurgias. No sábado 10, 15 minutos depois de se submeter à mamotomia durante uma demonstração feita por Parker para 64 médicos na clínica de José Aristodemo Pinotti, em São Paulo, a dona-de-casa Maria das Neves, 49 anos, comemorava a retirada de um nódulo mamário, saboreando refrigerante e torta de morango. A análise dos tecidos tumorais feita durante o procedimento indicou que o nódulo era benigno. “Não doeu e estou livre da angústia que senti por seis meses”, disse. Indicada para a retirada de nódulos de até 2,5 centímetros, a mamotomia está restrita às clínicas particulares. Custa, em média, R$ 1,2 mil e não consta da lista de exames cobertos pelos convênios. “O aparelho reduzirá o custo do tratamento porque evita cirurgias”, afirma Milton Wajman, chefe do serviço de Ginecologia do Hospital Alvorada, em São Paulo, que assistia à demonstração.