Na semana passada, o presidente da Bolívia, Evo Morales, determinou que o relógio da fachada do edifício do Legislativo, em La Paz, passe a funcionar no sentido anti-horário. Claro que os bolivianos que balizam por meio dele os seus compromissos se sentiram atônitos. Morales e Choquehuanca foram então incisivos na explicação: “A Bolívia é uma nação do sul e por isso a maneira de registrar o tempo tem de ser diferente.” Chama a atenção a fixação com o andar dos ponteiros que alguns representantes do populismo têm na América do Sul. Há sete anos o governo da Venezuela decretou um fuso horário próprio e todos os cidadãos tiveram de atrasar em meia hora os seus relógios. A justificativa foi que dessa maneira o venezuelano pode “chegar a tempo ao nosso encontro diário com o sol”. Chegar aonde? Isso ninguém explicou. Quanto a Morales, ele respondeu à perplexidade geral lançando uma pergunta: “Quem disse que os relógios têm de girar sempre para o mesmo lado?”