Ganhar uma Copa fora de seu continente é um desafio que até hoje só Brasil e Espanha conseguiram superar. O desempenho espetacular das seleções latinas e a performance tímida de alguns gigantes europeus no Mundial brasileiro comprovam como é difícil fazer sucesso em terras distantes. Na sexta-feira 20, a Costa Rica, um país de apenas quatro milhões de habitantes no mar do Caribe, superou a poderosa Itália, detentora de quatro títulos mundiais, e se classificou para a segunda fase naquele que era considerado o mais mortal dos grupos. Antes de despachar os italianos, os costa-riquenhos já tinham aplicado 3 a 1 no Uruguai. O resultado é inacreditável: numa chave com os campeões mundiais Itália, Inglaterra e Uruguai, a Costa Rica foi a primeira a avançar para a fase seguinte. A Inglaterra está matematicamente eliminada e Itália e Uruguai farão uma partida derradeira – para pelo menos um deles – na terça-feira 24. “O Brasil tem proporcionado momentos mágicos para todos nós”, disse o atacante Joel Campbell, principal estrela costa-riquenha, depois da vitória contra a Itália.

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ZEBRA CARIBENHA
Em Copacabana e na Arena Pernambuco (abaixo),
festa pela classificação da Costa Rica

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Antes desta Copa no Brasil, sete das 19 edições do torneio foram realizadas nas Américas. Detalhe: nessas sete ocasiões, o título sempre ficou com uma seleção americana (o Brasil faturou três, Argentina e Uruguai dois cada um). O que explica a supremacia continental? Para a comissão técnica italiana, o que pesou na derrota para a Costa Rica foi o calor de 30 graus de Recife. A justificativa soa como desculpa esfarrapada para um time que foi engolido pelos costa-riquenhos, que ainda tiveram um pênalti legítimo não marcado pelo árbitro. Para o técnico Jorge Sampaoli, comandante do Chile, uma das sensações da Copa, há uma razão primordial para o desempenho latino: a qualidade dos jogadores. “Muitos dos principais craques do mundo são sul-americanos”, diz Sampaoli. Eis aí uma afirmação verdadeira. A Argentina tem Messi. O Uruguai, Suárez. O Brasil, Neymar. O Chile, o mundo agora descobriu, tem Vidal.

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É óbvio que o talento dentro de campo faz a diferença em um esporte como o futebol, mas a voz que emana das arquibancadas tem se revelado especialmente poderosa neste Mundial. A Colômbia, que tem uma passagem para as oitavas de final como seu melhor resultado em Copas, venceu com facilidade a Grécia e superou a Costa do Marfim do craque Drogba. O interessante é que os colombianos disputam o Mundial sem Falcao Garcia, seu principal jogador, e a própria seleção admite que tem suado a camisa no embalo da “fiebre amarilla”, definição usada pelos próprios atletas para se referir à impressionante multidão que apoia o time. Estima-se que 60 mil colombianos tenham vindo ao Brasil para o Mundial. Em termos de barulho, eles rivalizam com mexicanos (que calaram os brasileiros na partida em Fortaleza) e com chilenos, que se autodefinem como malucos na paixão que nutrem pela seleção. A Copa no Brasil parece mesmo ser a Copa das Américas. Com 187 mil visitantes, os Estados Unidos lideram o ranking de torcedores estrangeiros que mais compraram ingressos – e ainda dizem que americano não gosta de futebol.

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Torcida colombiana em Brasília (abaixo) e jogador
chileno no Maracanã celebram triunfos

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