SHUTTERSTOCKEles podem ser lindos, atraentes e irresistíveis. Mas, apesar de par constante das mulheres, elas ainda não aprenderam a lidar com seus sutiãs. Mais de 80% das brasileiras não sabem escolher essa peça tão fundamental do vestuário feminino. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela fabricante de lingeries Liz, que entrevistou cerca de 3.500 consumidoras em outubro do ano passado. Seja por falta de informação, seja pela escassez de bons produtos nas vitrines, as compradoras adquirem modelos desconfortáveis, caros e incompatíveis com o formato de seus seios. Entre os erros mais comuns estão a escolha por uma numeração menor para tentar diminuir o tamanho, bojos grandes para aumentá-los e alças ou fechos apertados para uma suposta sustentação, o que pode gerar falta de ar e marcas na pele.

A dificuldade de lidar com essa peça íntima não é privilégio das brasileiras. Pesquisa divulgada em abril pela apresentadora de tevê Oprah Winfrey revelou que 85% das americanas também pecam na escolha, optando erroneamente por fechos apertados e copas largas. Para completar o quadro, médicos do Hospital St. George, em Londres, concluíram que o uso incorreto da lingerie ainda pode gerar dores na coluna, no pescoço e nos ombros. Segundo eles, algumas cirurgias de redução da mama seriam desnecessárias se as mulheres utilizassem o sutiã correto.

Mas nem sempre o problema é a desinformação das compradoras. Designers de sutiãs acreditam que a falta de especialização da indústria nacional e a ausência de um padrão de medidas específico para as brasileiras são fatores decisivos para a escassez de boas opções nas lojas. “O Brasil utiliza uma mistura do sistema de medidas da Europa e dos Estados Unidos, que não inclui a típica mulher brasileira, de costas largas e seios pequenos”, comenta Denise Areal, estilista e diretora de marketing da Duloren. A dificuldade aumenta na mesma proporção que a numeração. As consumidoras que usam manequim a partir do 44 não encontram variedade de modelos. É o caso de Elisa Amorim, 30 anos, que enfrenta maratonas periódicas para localizar uma peça que se encaixe nos seus seios 46. “Só fico bem com alguns tipos de meia-taça. Mesmo assim, eles não servem para blusas de um ombro só, de alça fina ou vestidos tomara-que-caia”, lamenta a artesã, que coleciona marcas nas costas dos elásticos do sutiã apertado.

DIFICULDADE Elisa sofre para encontrar sutiãs que se encaixem perfeitamente em seus seios 46

A assessora de imprensa Mariana Albernaz, 30, de baixa estatura e seios fartos, também sofre com a falta de opção no mercado. “Meus peitos não cabem no sutiã. Preciso ajeitar a alça a cada minuto e eles ainda escapam pela lateral”, descreve. A lista das excluídas pela indústria é vasta. Além das mulheres pequenas que estão acima do peso e só acham peças feitas para magérrimas, as magras que colocaram silicone não encontram modelos para seios fartos e tórax curto. “O atual desafio dos fabricantes é aliar conforto à beleza, esquecer as modelos e pensar na mulher real, sem se prender apenas à tendência da moda”, afirma Denise Bello, consultora de produtos das marcas Dilady e Love Secret.

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JAMIE MACCARTHY/WIREIMAGE/GETTY IMAGE

PADRÃO As peças são feitas para mulheres como Gisele Bündchen, bem diferentes das brasileiras, que, em geral, têm seios pequenos e costas largas

A indústria americana já oferece alternativas para adaptar a peça ao corpo da mulher, como a venda separada das partes do sutiã (copa, bojo, alça e fecho) e a confecção sob medida. Mas o Brasil, em geral, ainda produz peças inteiras, com moldes feitos para uma mulher “fora da realidade” e formatos mais comprometidos com a moda do que com o conforto. Afinal, sutiã é como sapato, tem que ser bonito, mas, acima de tudo, confortável e funcional. Não é à toa que o primeiro tomara-que-caia foi criado por um engenheiro.

Como conseguir o efeito desejado
LEVANTAR Base com arame e tecido grosso pouco elástico (tipo cinta), que se estenda da lateral da peça até o centro, unindo os dois bojos. O enchimento deve vir apenas na parte inferior do sutiã, para que os seios não pareçam maiores. As alças em estilo regata ou cruzadas são as mais indicadas

AUMENTAR Base em tecido e trava reforçados, com os dois arcos das copas próximos ao painel central. O bojo deve cobrir quase todo o seio com bolhas, esponja ou enchimento regulável por bomba de ar. As alças cruzadas também facilitam a estabilidade. Para quem tem costas largas e seios pequenos, o sutiã deve vir com um tecido elástico, que estenda o tamanho da faixa no tórax

DIMINUIR Tecido duro de elastano com pouca extensão no centro e na base. O pano deve prender a mama, mas sem amassá-la. Recomenda-se os sutiãs no estilo “top” com fechos de quatro regulagens. No mercado, há modelos redutores com tecidos tecnológicos que aumentam a compressão

JUNTAR O painel central deve ser curto. Os modelos mais tradicionais vêm com palitos de PVC na lateral e os mais modernos substituem os ferros por tecido duplo de elastano. As alças cruzadas no estilo “cava nadadora” são as melhores. O bojo deve ter enchimento na diagonal, com espuma na lateral e na parte inferior

MODELAR Para os seios grandes, modelos com suporte lateral, reforços sob os bojos, tecidos duplos e alças mais grossas. Neste caso, recomendam-se decotes discretos. Para seios flácidos, o ideal é o tecido reforçado com bojo ou aro


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