ADRENALINA Wallace Alcântara ensaia um espetáculo de acrobacias com dois amigos

Elas se parecem com as pernas de um canguru. Sobre as estruturas articuladas de alumínio e fibra de vidro, quem experimenta uma voltinha com o inusitado aparelho logo vê que imitar a performance do marsupial australiano exige destreza e equilíbrio. As botas, que lembram pernas biônicas, viraram febre na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. O aparato surgiu há quatro anos e se difundiu rapidamente como um brinquedo para gente grande. Hoje, no entanto, ensaia passos para se tornar um esporte. No mês de agosto, a cidade de Ostrava, na República Tcheca, sediará pela segunda vez o Aubria, um encontro europeu de usuários do aparelho, chamados de jumpers (do inglês, saltadores).

O sistema articulado das botas dá ao usuário uma propulsão sobre- humana (leia quadro). Além de saltar e correr, a chance de trilhar grandes distâncias em pouco tempo é o que faz o instrutor de dança e acrobacias, o carioca Jorge Sankler de Carvalho, 30 anos, calçar as botas para descer o morro de Santa Teresa, onde mora. “Quem me vê acha que está vendo um astronauta. Quem está com elas sente-se na Lua!”, diz. Fã de piruetas e mortais, ele também corre o risco de ser confundido com o Homem-Aranha por causa de peripécias. “Outro dia, saltei um Palio novinho e pulei de um prédio para outro”, conta. As estripulias do acrobata, claro, exigem um preparo específico. Quem usa o pula-pula está exposto ao risco de quedas e contusões e deve usar capacete e proteção nos joelhos e cotovelos.

Na Europa, a marca mais difundida é a britânica Poweriser, mas na internet o aparato pode ser achado como Big Jumper, Power Shoes e Sky Runner, só para nomear alguns. No Brasil o pula-pula high tech ainda é pouco conhecido. Desde que começou a importá-lo, há um ano, o empresário Ismael Galeazzi, da paranaense Galtrax, vendeu 500 unidades. Entusiasmado com o interesse despertado pelas botas, ele estuda fabricá-las no País.

Aqui, curiosamente, o aparelho parece estar muito mais difundido entre artistas do que entre esportistas. “Muitos clientes meus vivem de fazer apresentações com ele”, conta o importador carioca Aurélio Valporto. O empresário vendeu quase todas as 300 unidades importadas da China em janeiro. É o caso do acrobata Wallace Alcântara, 20 anos. Formado pela Escola Nacional de Circo, do Rio, ele descobriu as botas ao pesquisar novas técnicas de acrobacia. Hoje, ensaia em São Paulo um espetáculo de acrobacias com mais dois artistas de circo. “Com elas, as seqüências e mortais que fazia no chão ficaram mais radicais”, conta. Na capital paulista o pula-pula também será usado no espetáculo de bonecos Pedro e o Lobo. A idéia de dar ao Lobo – o único personagem interpretado por uma pessoa na peça – uma cara moderna foi do criador visual Marco Lima. “Ele ficou mais assustador. Um passo dele é quase um pulo. É como ter molas nos pés”, explica.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias