O grande avanço da ideologia de direita nas eleições da União Europeia tem um significado e um significante social e psicológico. A vida na Europa anda difícil: crise econômica, desemprego e um futuro aterrador. Há uma desilusão com os partidos de centro-esquerda, há uma irritação com os imigrantes, somente a xenofobia vai restando como auto-afirmação. Nesses momentos, é sempre a direita que surge como a “salvadora da pátria”. Nas eleições municipais britânicas, o Partido da Independência do Reino Unido (ultradireita) avançou de dois para 157 vereadores. O significante disso tudo é que, além da política, a própria geopolítica é que está sendo contestada: a União Europeia quer continuar sendo uma união? Na França, onde a nacionalista Frente Nacional de Marine Le Pen alcançou uma vitória histórica no Parlamento Europeu, esse significante geopolítico foi hermeticamente definido pelo próprio primeiro-ministro Manuel Valls: “É um terremoto. Um terremoto abala a União Europeia.”