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Uma equipe de médicos do Hospital da Universidade de Trondheim, na Noruega, está testando o efeito da injeção de toxina botulínica contra o excesso de peso – problema que já afeta quase 30% da população mundial, segundo levantamento divulgado na última semana na revista científica “The Lancet”. Trata-se da mesma substância usada contra rugas e que ficou conhecida por botox (nome da marca de uma das toxinas comercializadas e que virou designação genérica para o procedimento). A expectativa dos pesquisadores é de que a aplicação do composto em uma região chamada antro gástrico aumente o tempo de permanência da comida no órgão. “Idealmente, ao prolongar a duração do esvaziamento gástrico, a pessoa pode ter maior sensação de saciedade e, a longo prazo, reduzir a ingestão de alimentos”, afirma o especialista Bård Kulseng, que coordena o estudo, na descrição do trabalho enviada ao site americano ClinicalTrials.gov (endereço virtual no qual o governo dos Estados Unidos registra ensaios clínicos em curso).

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CAUTELA
A endocrinologista Cláudia diz que ainda
faltam mais dados sobre o procedimento

Iniciado há três meses, o trabalho tem duração prevista de oito anos. Testes piloto anteriores já mostraram que as injeções, administradas por endoscopia, são seguras para os pacientes. Um dos primeiros estudos que avaliaram os efeitos da toxina em humanos com o propósito de promover emagrecimento foi realizado no Brasil pelo cirurgião gástrico Aloísio Cardoso Júnior, de Minas Gerais. Feito na Universidade Federal de Minas Gerais, o experimento envolveu 12 pessoas. Na opinião do especialista, muitas das pesquisas que vieram depois pecavam pelo pouco rigor científico. “É necessário avaliar, por exemplo, exatamente em qual região do estômago a toxina está sendo colocada. E há pouco investimento. Talvez por isso ainda faltem trabalhos que nos permitam chegar a uma conclusão”, diz. A endocrinologista Claudia Cozer, coordenadora do Núcleo de Obesidade do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, concorda. “A pesquisa é mais uma tentativa de domar a obesidade. Mas por enquanto ainda faltam dados”, pondera.

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Foto: PEDRO DIAS/ Ag. Istoé