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CINEMA O Homem-Aranha rodeado por trajes esportivos e criações de alta-costura

 

Numa cena de Batman, de Tim Burton, o vilão Coringa, interpretado por Jack Nicholson, invade o museu de arte de Gotham City e começa a jogar tinta nas obras expostas – poupa apenas uma tela de Francis Bacon cujas deformações o encantam. O Metropolitan Museum de Nova York não corre esse risco porque está protegido por um batalhão de seguranças, mas é nele que foi aberta na quarta-feira 7 a badalada exposição Superheroes: fashion and fantasy (Super-heróis: moda e fantasia), que exemplifica, com objetos e muitas roupas, como a estética dos poderosos heróis dos quadrinhos influenciou os grandes estilistas. De Giorgio Armani, que exibe um vestido longo preto inspirado no Homem-Aranha, a Thierry Mugler, responsável na semana de moda de Paris pela modelo que vestiu macacão de aparência metálica (numa referência direta à armadura do Homem de Ferro), toda a Liga da Justiça parece ter subido as grandes escadas para se reunir no mais famoso museu da Quinta Avenida.

São, ao todo, 60 plataformas, cada uma delas com um herói e o guardaroupa que ele gerou. Além do Homem- Aranha e do Homem de Ferro, estão lá a Mulher-Gato, Batman, Flash Gordon e, claro, o obrigatório Super-Homem, cujo famoso retrato feito pelo artista pop Andy Warhol dá boas-vindas ao visitante. O Super-Homem, aliás, centraliza o primeiro segmento da mostra, que trata do “corpo gráfico”, no qual a própria vestimenta sintetiza os poderes do personagem. O logo com o S vermelho dentro de um triângulo amarelo aparece em um vestido do estilista Bernhard Wilhelm e em um terno da marca italiana Moschino, que ironiza o momento em que Clark Kent vira Super- Homem: sob o paletó aparece uma camiseta com o M dessa grife.

Outros super-heróis serviram para classificar diversos tipos de corpos na visão intelectualizada do curador Andrew Bolton: a Mulher-Gato (corpo paradoxal), a Mulher Maravilha (corpo patriótico), o Incrível Hulk (corpo viril), Flash Gordon (corpo aerodinâmico), Batman (corpo-armadura), XMen (corpo mutante) e o Motoqueiro Fantasma (corpo pós-moderno). “Super- heróis são uma metáfora para a moda porque compartilham com ela a obsessão pelo corpo, sua identidade e transformação”, diz Bolton. Ele esqueceu-se de lembrar, no entanto, que os grandes desenhistas de quadrinhos e os grandes estilistas dividem também outra obsessão: a imaginação. É isso que explica a seleção do time de designers, todos donos de traços extravagantes. Vale como exemplo Thierry Mugler, Jean-Paul Gaultier, Gianni Versace, Dolce&Gabbana, John Galliano e Alexander McQueen, presentes nessa maravilhosa mostra com suas incríveis criações.

PASSARELA PODEROSA

Velocidade
A roupa esportiva Fastskin LZR Racer, criada por Rei Kawakubo, lembra a malha de Flash Gordon

JACQUES OLIVAR

Teias de seda
O Homem-Aranha inspirou Giorgio Armani na criação desse vestido, lançado em sua coleção de 1990

Fetiche
Releitura de Thierry Mugler para o traje de Mulher-Gato, mostrada como uma dominatrix